Fifa põe fim a rodízio de continentes

Candidatura única do Brasil frustra entidade, que adota o novo sistema de escolha de sedes a partir de 2018

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Por Leonencio Nossa e Jamil Chade
Atualização:

Após a experiência desastrosa de ter o Brasil como candidato único para 2014, a Fifa decidiu acabar com o sistema de rodízio entre os continentes a partir de 2018. Todas as regiões do mundo poderão concorrer para ser sede do evento e evitar que um só país se apresente, como aconteceu agora. "O que ocorreu com o Brasil não pode mais se repetir", afirmou ao Estado Franz Beckenbauer, integrante do Comitê Executivo da Fifa. O alemão teve respaldo de Chuck Blazer, secretário-geral da Confederação de Futebol da América do Norte. "A candidatura brasileira é a prova de que nosso sistema fracassou na tentativa de provocar uma concorrência para organizar a Copa", lamentou. "Sempre que há competição a qualidade do Mundial é elevada", lembrou, em discurso afinado com Blatter. "Garantimos uma Copa na África e outra na América do Sul. Agora vamos abrir o mercado", afirmou o presidente da Fifa. Para 2018, tudo indica que a concorrência será a maior já vista. China, Estados Unidos, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Rússia e Austrália já mostraram interesse. "Isso é muito bom. Nem estamos jogando a Copa de 2010 e já temos tantos concorrentes para 2018", comemorou Blatter. "Acho que a decisão de abrir a Copa foi sábia." A idéia é de que o sistema seja equivalente ao da Olimpíada, que não limita a candidatura a um continente. Mas Blatter rejeita ser comparado ao COI (Comitê Olímpico Internacional) e ao fato de que países em desenvolvimento dificilmente conseguem concorrer com os países ricos. Para Blatter, os mais modestos terão a oportunidade de organizar outros eventos, como os Mundiais da categoria sub-20. "Países pequenos teriam dificuldade de apresentar as garantias de que precisamos para a Copa do Mundo." A Fifa não esconde que ficou descontente com o acerto político feito na América do Sul que garantiu que o Brasil se apresentasse como único candidato. "Sabemos que o Reino Unido pode realizar uma Copa amanhã se quiser", afirmou Beckenbauer. Mas não era unânime a idéia de que o sistema de rodízio deveria terminar, já que, assim, dificilmente um país em desenvolvimento poderá concorrer com os ricos. A Fifa estipulou ainda que os últimos dois continentes que organizaram o Mundial não poderão se apresentar. Isso significa que a América do Sul apenas terá direito de se candidatar de novo em 2026. O vice-presidente da Fifa, o argentino Julio Grondona, revelou que seu plano é o de apresentar a candidatura do Uruguai para a Copa de 2030, para celebrar os 100 anos dos Mundiais.

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