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Filho tira Chavez das drogas

Por Agencia Estado
Atualização:

Acostumado a ver o pai acumular glórias em cima do ringue, Julio César Chavez Carrasco, conhecido no mundo do boxe como Julio César Chavez Jr., não suportou ver o ídolo se entregar à bebida e às drogas após pendurar as luvas. Boxeador profissional desde setembro de 2003, Julio Jr., que completou 19 anos no último dia 16, procurou o empresário Bob Arum para tentar reanimar o pai. "Chavez estava muito doente. Bebia demais, de vez em quando usava drogas e estava muito acima do peso", afirmou o veterano empresário. Segundo Arum, Julio Jr. assumiu o "papel de pai do pai". "Ele disse a Chavez: ´Você está se matando. Preciso de você ao meu lado para me guiar na carreira´. Desde então, Chavez passou a fazer exercícios, perdeu peso, parou de beber e deixou as drogas de lado." O sucesso da ajuda de Julio Jr. pode ser exemplificado com a possibilidade de Chavez, aos 42 anos, retornar ao boxe dia 28 de maio no ringue do Staples Center, em Los Angeles, para enfrentar o norte-americano Ivan Robinson. Chavez anunciara no ano passado a sua aposentadoria. "Não seria uma luta em busca de um título mundial, mas serviria para manter Chavez motivado para seguir com os treinos e também para cuidar da carreira de Julio Jr.", afirmou Arum. Chavez passaria a fazer uma das preliminares do programa que teria o filho na luta principal. Segundo pessoas ligadas a Chavez, o problema maior do ex-campeão é psicológico. O lutador estaria sentindo falta do glamour da época em que encantava os amantes da nobre arte com combates inesquecíveis, principalmente nos ringues norte-americanos. O boxe, que lhe garantiu uma fortuna em mais de duas décadas, agora serviria como terapia para fugir da depressão e da solidão. Julio Jr. é um dos três filhos de Chavez (os outros são Omar e Christian) com a ex-mulher Amalia Carrasco, de quem se divorciou. O ex-campeão mundial dos superpenas, leves e meio-médios-ligeiros, também tem uma filha (Karina), fruto de um relacionamento com uma namorada. Sem peso - "Todos me perguntam se o nome de meu pai pesa. Digo que não, pois tudo que conseguir no boxe será meu. Não tenho a pretensão de ser melhor que meu pai, pois sei que jamais terei a capacidade de limpar suas sapatilhas", disse o invicto Julio Jr., de 1,76 metro, que acumula 16 vitórias, com 11 nocautes, na categoria dos leves. "Todas as vezes que subo no ringue e escuto as pessoas gritarem o nome de meu pai, sinto uma vontade enorme de vencer. Parece que nada pode me derrotar." A próxima luta de Julio Jr. também será na noitada de 28 de maio, mas o adversário ainda não está definido. "Sinceramente, não queria que meu filho adotasse o boxe como profissão, mas tenho de apoiá-lo, pois se trata de um grande sonho dele", afirmou Chavez, que vê em Julio Jr. muitas de suas características como boxeador. "Sabe golpear no fígado e no baço e gosta de lutar a curta distância. Além de agüentar bem os golpes do adversário. Ele aprendeu direitinho me vendo lutar", afirmou, com orgulho, o maior pugilista mexicano de todos os tempos. No auge da carreira de Chavez era comum, após as vitórias, ver Julio Jr. nos ombros do pai para festejar. "No início da carreira, dei a ele um ultimato de dez lutas. Se não fosse bem, disse que iria tirá-lo do boxe e recolocá-lo na escola, mas os resultados foram satisfatórios." Em sua última luta, dia 11, no Centro de Convenções de San Diego, Julio Jr. precisou de pouco mais de dois minutos para nocautear Leroy Newton. Com físico e rosto de garoto, Julio Jr. impressiona a imprensa especializada pela precisão dos golpes e pela rapidez. Os críticos acreditam que em dois anos já poderá disputar um cinturão. Para alegria do velho Chavez, que, com certeza, estará na primeira fila.

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