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Flexibilidade influencia desempenho

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Por Redação
Atualização:

A perda de uma das varas faz grande diferença no desempenho de uma atleta tão técnica quanto a brasileira Fabiana Murer. Embora tenham exatamente o mesmo comprimento (4,50 metros), cada uma das vara usadas pela brasileira tem uma flexibilidade diferente e reage de forma variável conforme o peso e a velocidade imprimida pela atleta na sua corrida, feita bem no início do movimento do salto. À medida em que a altura do sarrafo vai subindo, o atleta escolhe uma vara que proporcione um salto mais vertical. "Varas mais fortes vão verticalizando mais o salto", explicou em Pequim o técnico Elson de Miranda, técnico de Fabiana Murer, depois da prova, em entrevista para a ESPN Brasil. Atletas com mais técnica e menos força física, como é o caso de Fabiana Murer, dependem mais do tipo de equipamento para executar melhor o salto. "Yelena Isinbayeva, que tem mais força física, nem depende tanto desse fator. Mas a Fabiana, que talvez seja a mais técnica entre todas, precisa mais do equipamento certo para executar o salto. E ela chegou onde chegou no cenário internacional justamente por ser muito técnica", diz o treinador Edemar Alves, que atua como um dos auxiliares-técnicos de Élson de Miranda. Sem a vara adequada para aquele salto, Fabiana foi obrigada a queimar uma etapa da série que iria executar. Como tinha varas adequadas para saltos mais altos, subiu a altura do sarrafo, fazendo, antes da hora, uma tentativa mais elevada. "Toda a prova do salto com vara funciona como uma subida de escada. Quando teve de aumentar a altura do salto porque não tinha a vara que precisava, foi como se a Fabiana tivesse pulado um degrau dessa escada. Ela pulou do degrau um direto para o três. Teve de mudar tudo", diz Edemar. Toda a situação causou um outro problema mais grave ainda. Fabiana se desconcentrou completamente. E a concentração é fator fundamental para que o atleta execute o seu salto. CONCENTRAÇÃO Para se ter uma idéia da importância disso, a campeã olímpica Yelena Isinbayeva fica deitada, quase dormindo, até começar sua participação nas provas. O ucraniano Serguei Bubka, ex-campeão olímpico e maior nome da história dessa modalidade, tinha o mesmo procedimento. "Estou acostumado a ver a Fabiana no treinamento e nunca vi ela tão transtornada como nessa prova, depois do problema do desaparecimento dessa vara. Ela sempre está muito concentrada, muito tranqüila. E não tem como o atleta se sair bem numa prova tão difícil se não estiver concentrado", afirma Edemar. Segundo o treinador, ao ter que se adaptar para uma situação imprevista, Fabiana passou a enfrentar outros problemas. "A corrida dela já não foi igual a que deveria ser. Todo o programa que ela tinha feito ficou desregulado", lamenta Edemar, que achava que a brasileira tinha grandes possibilidade de conseguir, pelo menos, o bronze.

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