
27 de novembro de 2010 | 00h00
Como recebeu o convite?
Era um lugar que eu queria muito trabalhar. Tinha saído do Sertãozinho sem receber os salários e já vinha assistindo aos jogos do Bahia, principalmente em Pituaçu e gostava de fato do clube pelo pouquinho que eu via. O Angioni me ligou, disse que apostava em mim e foi rápido. Fiz as malas num dia e no outro cedo já estava aqui trabalhando.
Você assumiu uma equipe na sexta posição, sob pressão de subir. Foi complicado?
Era uma pressão de clube grande, de torcedor apaixonado, pois nenhum time da Série B contava com história tão bela como a do Bahia, mas que estava havia muito tempo sem ganhar até o regional. Mas foi muito mais fácil do que quando o Cuca pegou o Fluminense no fundo da tabela para salvá-lo.
Em algum momento você achou que o acesso não viria?
Não. Nosso time tinha qualidade e obteve grandes resultados. Em todos os lugares a que fomos, mesmo com o campo cheio, ninguém fazia festa igual à do Bahia. Vencemos todos os tipos de restrição e quem vê nossa torcida fica impressionado. É festa com coração e criatividade.
Mas houve um momento difícil.
Sim. Foi no primeiro jogo em casa, contra o Brasiliense. Estávamos perdendo e só empatamos no fim. Fomos muito vaiados, mesmo buscando o empate. Conversamos sobre aquela situação, falamos que o clube era grande e que aquele jogo serviria de motivação. Demos a volta por cima sem clima de vingança (com os torcedores).
De que maneira você define essa experiência profissional?
Salvador é um lugar de muita alegria, nunca tinha visto nada igual. Na minha vida foi a emoção mais bonita no futebol, como se fosse o nascimento de um filho. É o que o conjunto da obra, o dia a dia no clube, com a torcida, ao lado dos atletas, nos proporcionou. Quando você fica muito tempo querendo um filho e consegue, é emocionante. Com a torcida do Bahia foi assim, o time nasceu de novo.
Já definiu o futuro?
Vamos ver como está em São Paulo (onde vive a família). O Bahia tem interesse em seguir comigo e eu de ficar, mas tenho de falar com minha mulher, conversar com os filhos. Não é fácil viver longe, sozinho. Temos de saber que nessa profissão não é só a gente que decide. Até o cachorro decide.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.