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Foi de arrepiar

São Paulo abre 2 a 0, mas Palmeiras consegue o empate no fim, em jogo tenso e equilibrado

Por Eduardo Maluf
Atualização:

Numa semana em que a capital ficou chocada com o trágico fim de um seqüestro, falar em guerra, briga ou confusão nas páginas esportivas não seria o mais adequado - nem o mais agradável. Mas não dá para ignorar os bate-bocas em campo, o festival de hostilidades de Vanderlei Luxemburgo a Sálvio Spínola, as entradas violentas de alguns jogadores e as três expulsões. Era só uma partida de futebol. Para a sorte dos mais de 26 mil pagantes, Palmeiras e São Paulo também trataram de jogar bola e, apesar do clima hostil, fizeram um dos confrontos mais emocionantes do Brasileiro, ontem, no Palestra Itália. No fim, o placar de 2 a 2 foi justo, e comemorado pelos palmeirenses, que perdiam por 2 a 0 até os 33 minutos do segundo tempo. "Teve um saborzinho de vitória", definiu Denílson, aliviado. Cabisbaixo, Rogério Ceni exibia semblante oposto - de decepção -, mesmo tendo deixado o gramado como melhor do clássico, com um gol e quatro ótimas defesas. "Pagamos preço alto ao sair com o empate, o resultado foi ruim pelas circunstâncias." Numa competição equilibrada e que deverá ser definida nos detalhes, o empate, na verdade, nunca é lá grande coisa. O Palmeiras jogava em casa e pretendia retomar a liderança do Grêmio. O São Paulo estava atrás na tabela. De qualquer maneira, os dois seguem com reais chances de brigar pela taça, principalmente por causa da derrota de ontem dos gaúchos para a Lusa (2 a 0). A equipe alviverde tem 55 pontos, ao lado do Cruzeiro, e o time tricolor, 53. Os gremistas somam 56. Quem se arriscou a ir ao Palestra viu um duelo equilibrado, nem sempre na bola, mas emocionante. Momentos de brilho técnico foram poucos, mas de superação e determinação ocorreram com freqüência. Rogério abriu o placar, aos 6, em boa cobrança de pênalti, após falta de Léo Lima em Jean na área - infração, aliás, bem marcada pelo falado Sálvio Spínola. Assim que o gol saiu começou uma desnecessária confusão. Os donos da casa queriam dar a saída rapidamente e os visitantes os atrapalharam. Diego Souza e Borges acabaram expulsos. Luxemburgo não se conformou com o cartão vermelho a Diego Souza - trocou, em seguida, o zagueiro Maurício pelo meia Evandro - e passou o restante do primeiro tempo chiando com o quarto árbitro e com o próprio Sálvio. Sem justificativa. Como também não se justificou a pressão do presidente tricolor, Juvenal Juvêncio, sobre o juiz durante a semana. O Palmeiras, com o rebelde-competente Kléber, partiu com força em busca do empate, mas parou na inspirada atuação de Rogério, que, apesar dos 35 anos, segue em grande forma. Quando não conseguiu fazer a defesa, o goleiro contou com a sorte. Em cabeçada de Alex Mineiro, a bola bateu no travessão, caiu e ultrapassou metade da linha - o que não é gol, pois manda a regra que ela entre inteira. Dagoberto, num dos últimos lances antes do intervalo, avançou e chutou com categoria de fora da área, deixando mudo o Palestra Itália: 2 a 0. O Palmeiras tem bom elenco, fortalecido pelos investimentos deR$ 40 milhões da Traffic, e poderia (por que não?) buscar a igualdade ou até a virada na etapa final. Contava com jogadores eficientes no banco, como Pierre, ótimo marcador. O volante entrou no lugar de Léo Lima e dificultou os contra-ataques do rival. Mas a saída do meia - embora seu desempenho tenha sido ruim - acabou com o pouco poder de criatividade do meio-campo da equipe, que já sentia falta de Diego Souza. Até os 30 minutos, o time verde não havia sido capaz de levar perigo a Rogério e à boa zaga tricolor. Mas como futebol é futebol e clássico é clássico... Denílson, que mais caía do que jogava, resolveu driblar André Dias - que até então estava sobrando - e cruzou para Kléber marcar, aos 33. Dois minutos depois, Leandro cobrou falta, a bola bateu em Dagoberto e entrou: 2 a 2. O clássico terminou em alto nível e só não foi perfeito (ou quase) por causa do excesso de jogadas violentas e discussões. Palmeiras e São Paulo saem da rodada por cima e como fortes candidatos ao título. CHAVES DO JOGO 1. ROGÉRIO CENI O goleiro foi o melhor em campo, fez um gol e pelo menos quatro ótimas defesas 2. KLÉBER O atacante mostrou competência e encarou a forte defesa do São Paulo sem medo 3. PERSISTÊNCIA O jogo parecia perdido para o Palmeiras, mas o time não desistiu e buscou o empate ATUAÇÕES PALMEIRAS Marcos 6 Não teve culpa nos gols e fez uma boa defesa Gustavo 4 Nervoso, errou algumas saídas de bola Roque Jr. 4 Teve dificuldade para parar os contra-ataques do São Paulo e foi expulso no fim Maurício Sem nota Jogou pouco. Evandro 4 Entrou para ser o responsável pela armação das jogadas, após a expulsão de Diego Souza, mas foi ineficiente Élder Granja 5 Correu muito, mas lhe faltou força no ataque e pontaria nos arremates Sandro Silva 4 Parecia um pouco nervoso em seu 1.º clássico Denílson 6 Entrou muito mal, mas acabou sendo decisivo com a grande jogada que resultou no primeiro gol Léo Lima 3 Decepcionou na frente e cometeu pênalti infantil atrás Pierre 7 Entrou muito bem e melhorou a marcação do Palmeiras Diego Souza 0 Foi expulso nos primeiros minutos. Leandro 6 Vinha fazendo pouca coisa, mas marcou o gol de empate em cobrança de falta Kléber 8 De longe, o melhor do time e um dos melhores do jogo. Fez gol, sofreu faltas, criou bons lances. Não fosse tão irritado e nervoso, poderia até pensar em seleção brasileira Alex Mineiro 5,5 Cabeceou uma bola no travessão, mas não foi tão bem quanto nas últimas partidas SÃO PAULO Rogério 8,5 O melhor do clássico. Fez um gol e grandes defesas no primeiro tempo André Dias 5,5 Vinha tendo ótima atuação, mas foi facilmente driblado por Denílson no lance do primeiro gol palmeirense Miranda 7 É um dos melhores zagueiros do País. Rodrigo 6 Foi determinado do início ao fim e não comprometeu Zé Luís 5 Regular Jean 6 O jovem volante mostrou personalidade e sofreu o pênalti de Léo Lima Hernanes 5 Não poderia ter desperdiçado oportunidade tão clara no fim do jogo Hugo 4,5 Prejudicou alguns contra-ataques por causa de sua lentidão Éder Luís 3 Entrou parecendo que jogaria uma pelada na rua de casa. Quando melhorou era tarde demais Jorge Wagner 5,5 Não brilhou, não comprometeu. Dagoberto 6,5 Fez um belo gol e enfrentou sozinho os zagueiros do Palmeiras Borges 0 Expulso no começo.

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