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Ginastas têm que se acostumar com dor

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Por Agencia Estado
Atualização:

Quem vê a flexibilidade, agilidade e as piruetas dos ginastas que estão em São Paulo para a terceira etapa da Copa do Mundo de Ginástica, que começa na sexta-feira, no Ginásio do Ibirapuera, nem imagina que as atletas precisam de seis, sete horas de treino para chegar aos movimentos quase perfeitos e brigar por lugares no pódio. Por trás do prestígio mundial e das medalhas, as atletas escondem lágrimas de sofrimento e horas de fisioterapia. Todas garantem que já se acostumaram com a dor. As representantes da Seleção Brasileira não passam dos 22 anos, mas se lembram de muitas situações em que precisaram de superação para continuar treinando e competindo. O maior exemplo da equipe brasileira é Daiane dos Santos. Aos 21 anos, a gaúcha já operou duas vezes o joelho direito e uma o esquerdo. "No alto rendimento acho que não tem um atleta sequer que não sinta alguma dor. Quando eu era novinha não sentia nada, principalmente porque os ossos eram mais fortes", conta. "Luxações são normais." A primeira lembrança de Daiane sobre uma dor insuportável aconteceu há quatro anos, quando rompeu o tendão de Aquiles direito. Nesta etapa da Copa do Mundo, onde faz a estréia da temporada, ela garante que não sente dores. "Meu joelho está bom. Mas sempre depois de uma competição é normal eu sentir dor. O melhor tratamento para mim é a hidroginástica." Os joelhos foram os maiores algozes de Daiane, que passou por cirurgia pouco antes dos Jogos Olímpicos de Atenas e não conseguiu treinar bem para brigar pela medalha de ouro. "Não posso dizer que não dói, que está 100%, mas está 90%, sim." A supervisora das Seleções Brasileiras, Eliane Martins, disse que em breve será construída uma piscina ao lado do ginásio onde a equipe treina, em Curitiba, "justamente para ajudar a minimizar as dores das meninas". Além disso, a entidade dispõe de seis médicos para cuidar dos 29 ginastas. "Mais do que médicos, procuramos outros tratamentos, vale tudo para os atletas se sentirem melhor: do-in, acupuntura, massagem..." Segundo a dirigente, não existe maneira de chegar ao alto rendimento sem sentir dores. "São seis, sete horas por dia buscando a perfeição. O desgaste é grande com as milhares de repetições. Não existem Super-Homens no esporte, todo mundo tem alguma dor. A maior parte dos atletas da ginástica que tem algum problema é no joelho." Assim como Daiane, Daniele Hypólito e Laís Souza já operaram uma vez o joelho direito. Dani, quase veterana, nem se lembra mais qual foi a primeira vez que sentiu dor nos treinamentos. "Já são 16 anos de ginástica, não consigo lembrar. Sei que a última vez foi em 1998 quando operei o joelho. Graças a Deus nunca tive nada mais sério." Atleta mais velha da Seleção, Camila Comin, com 22 anos, diz que não sente dores nas articulações, mas já perdeu as contas de quantas vezes machucou as mãos: "Como faço muito o exercício das paralelas, é comum competir com as mãos ´abertas´. É horrível ficar com elas em carne viva, mas já tive até de competir assim. Quando isso acontece, geralmente eu passo remédio para cicatrizar rápido, ou uso alguma faixa nas mãos." Assim como Camila, Ana Paula Rodrigues nunca passou por cirurgia. "Só fraturei o pé direito, há dois anos, e a mão direita, há um. Foi uma dor horrível essa de quando quebrei o pé. Depois dessa operação, fui competir em uma prova de solo, em São Paulo. Quando terminei quase não me agüentava em pé", lembra. Nessas horas Ana Paula prefere recorrer à fisioterapia. E as dores musculares? "Essas nem contam. Cada dia dói um lugar diferente. Mas isso é muito normal para a gente", conclui Daniele. Ingressos - Os ingressos para a Copa do Mundo de Ginástica podem ser adquiridos nas bilheterias do Ginásio do Ibirapuera e através do site www.ticketmaster.com.br. No endereço eletrônico pode-se encontrar todos os outros pontos de venda. Os bilhetes de arquibancada custam R$ 10, e para as cadeiras, R$ 15.

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