Goiás e cambistas faturam alto no DF

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Por Vannildo Mendes e Giuliander Carpes
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Tem, mas acabou. Os ingressos colocados à venda para Goiás x São Paulo, amanhã, no Bezerrão, não podem mais ser encontrados nas bilheterias de Brasília. Estão em poder de torcedores. E, para não fugir ao velho e repetitivo script do futebol brasileiro, muitos estão com cambistas. O Goiás, independentemente disso, estima faturar em torno de R$ 2,7 milhões com o jogo. O estádio tem capacidade para 20 mil pessoas, mas apenas 10 mil ingressos dos 19,4 mil colocados à venda foram comercializados em Brasília, a preços que variaram de R$ 100 a R$ 250. Os demais foram para Goiânia (4,5 mil) e São Paulo (4,5 mil). Antes do meio-dia, as bilheterias de Brasília fecharam e os cambistas entraram em ação. Assim que as vendas se esgotaram, cerca de 40 cambistas, com pilhas de ingressos de todos os tipos, montaram uma bilheteria informal a céu aberto, ao lado da oficial. Carros da polícia passavam indiferentes pelo local. A Federação Brasiliense de Futebol (FBF) tentou timidamente pôr ordem na bilheteria, estipulando limite de quatro ingressos por pessoa. Prontos para qualquer desafio, os cambistas recrutaram, por remuneração singela, bandos de estudantes para adquirir as meia entradas. À falta de policiamento somou-se a cumplicidade dos próprios funcionários autorizados a comercializar os ingressos, que ignoraram a recomendação de vender apenas um bilhete por documento de identificação. "Ninguém me pediu documento não", disse Raimundo, um entre a dezena de cambistas que abordava os torcedores perto do Nilson Nelson. Ele tinha bilhetes para qualquer setor do Bezerrão e cobrava R$ 130 por uma meia entrada, que lhe custou R$ 75. O ágio pode atingir até 200%. Aos cambistas da cidade vieram se juntar "profissionais do ramo" vindos de Goiânia e também de São Paulo. Alguns deles tinham até cartão pessoal e ofereciam entrega "delivery". José Alberto Santos, o Bira, é um deles. Disse ter trabalho fixo, mas engorda o orçamento com a venda de entradas em espetáculos populares. "Tenho mulher e filhos e essa é a chance de ganhar um trocado para o Natal", disse. "Quem não comprar logo vai pagar mais caro ainda depois", afirmou Manoel Santos, outro especialista no repasse de ingressos.

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