Publicidade

Guerra de marcas ganha as ruas de Londres na Olimpíada

PUBLICIDADE

Por MARIA GOLOVNINA
Atualização:

À sombra dos palcos reluzentes da Olimpíada de Londres, uma batalha silenciosa é travada para decidir quem fatura durante os Jogos. Os organizadores olímpicos estabeleceram regras severas para proteger as marcas oficiais registradas, destacando cerca de 250 "policiais de marca" uniformizados nas ruas da capital para garantir que nenhum negócio pegue carona no maior evento esportivo do mundo. As regras são simples: ninguém além de um pequeno grupo de patrocinadores oficiais, como McDonalds ou Adidas, tem permissão para lucrar criando uma associação com os Jogos. Não foram as regras em si que desgostaram alguns londrinos, mas sua aplicação rigorosa, e frases como "absurdo" e 'estado policialesco" - usadas com frequência em tom de piada mas com um toque de ressentimento - têm surgido nas conversas. "É uma loucura. Parece que as empresas são bem tratadas, mas não as pessoas", disse Lewis Parrin, de 22 anos, que tem um quiosque de joalheria e relógios no bairro de Stratford, no leste de Londres, onde se localiza a maioria dos locais de competição. "É bem assustador, na verdade. É como um estado policialesco". Outro vendedor próximo, quando indagado sobre uma exibição de mascotes olímpicos em seu quiosque improvisado, engasgou com o sanduíche e os retirou às pressas. "Fico feliz que você tenha me lembrado", disse. Londres está repleta de lojas curiosas de pessoas que se descobriram do lado errado da lei, como o dono de um quiosque que foi repreendido por usar o logotipo de Londres 2012 e um açougueiro de uma cidade que sedia provas de vela que teve que remover um cartaz mostrando os aros olímpicos feitos de salsicha. Em uma rua tranquila da qual se alcança o estádio olímpico a pé, um café chamado Olímpico teve que pintar a letra "O" para se adaptar às regras. Outros adotaram uma abordagem mais radical, com uma campanha subversiva debochando da polícia e das marcas - um tema que ecoou em muitas áreas do leste londrino, onde o desemprego e o ressentimento social são grandes. Na segunda-feira, um par de ativistas auto-intitulados guerrilha artística escolheu uma rua movimentada dessa região para colocar um gigantesco cartaz de protesto mostrando fileiras de policiais alinhados contra um fundo escuro e um slogan dizendo "“Inspire uma geração". Alguns passantes paravam para olhar, espantados. Um logotipo de estilo olímpico no canto inferior direito dizia: "Manifestante oficial dos Jogos Olímpicos de Londres 2012". "O problema com a propaganda olímpica é não haver ética. Deveria demonstrar excelência, o que não se reflete em seus patrocinadores", disse um dos ativistas. "Os negócios locais estão ali há gerações e nem sequer podem divulgar coisas feitas no local. Como Londres pode prosperar?"

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.