22 de julho de 2011 | 00h00
Desses 250 GPs, talvez em cinco ou seis, apenas, não estive presente. Acompanhei de perto a notável trajetória do piloto mais completo que vi competir.
Mas nesse tempo todo, além de ir para o meio das pistas somente para ver como Schumacher percorria trechos de determinados circuitos, impressionado com sua competência, ouvi pilotos, técnicos e dirigentes que tiveram contato bem mais próximo do meu com ele. E nem todos teceram comentários apenas elogiosos a Schumacher.
"Ele é um piloto perigoso", definiu Ayrton Senna no GP da França de 1992. "Para ele, os fins justificam os meios", diz Rubens Barrichello, ex-companheiro na Ferrari, de 2000 a 2005.
Em conversa com alemães das mais distintas origens, compreendi existir, sim, um grande respeito a Schumacher.
Não foram poucas as vezes que ouvi a história de que sua mãe ajudava o orçamento da família vendendo lanches para os kartistas no kartódromo administrado pelo pai, Rolf, em Kerpen. E também de ele usar pneus já desprezados por outros meninos porque o pai, ex-pedreiro, não podia comprar novos.
Mas também vi alemães se dizerem envergonhados com Schumacher, como depois de ser campeão em Adelaide, em 1994, após jogar Damon Hill para fora da pista.
Ou em Jerez, em 1997. Um grupo de músicos alemães estava ao lado de Plácido Domingo, naquele dia, e enquanto o tenor externava, na entrevista, seu repúdio à tentativa de Schumacher colidir deliberadamente com Jacques Villeneuve para ficar com o título, os músicos, do lado, movimentavam as mãos como quem diz "que horror de esportista".
Há mais de um Schumacher.
O piloto, brilhante como talvez nenhum outro na história, e o homem, com muitas vidas ainda pela frente para entender o real papel da humanidade no planeta.
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.