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Caso Kamila Valieva: entenda o que se sabe sobre o doping da patinadora russa de 15 anos

Favorita nos Jogos de Inverno, prodígio está no centro de polêmica após liberação para competir na China. Modalidade indica mudança na idade mínima para participação em competições e CAS cita ‘dano irreparável’ à imagem da atleta

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Por Redação
Atualização:

Mesmo após o fim da participação da Kamila Valieva nos Jogos de Inverno, que terminou com a patinadora ficando sem medalha na disputa individual, a polêmica envolvendo o doping da prodígio de 15 anos continua ecoando no mundo do esporte. Segundo a agência de notícias AFP, a Federação Internacional de Patinação (ISU, sigla em inglês) votará o aumento da idade mínima para a elegibilidade em competições profissionais. 

“A ISU está em posição de confirmar que nosso conselho decidiu colocar (na agenda do congresso) uma proposta para aumentar a idade mínima para participação em todas as disciplinas de patinação artística para 17 anos”, disse à AFP nesta sexta-feira, 18. O próximo congresso da organização está programado para 6 a 10 de junho em Phuket, Tailândia.

Kamila Valieva, de 15 anos, está no centro de polêmica após testar positivo no antidoping. Patinadora russa era uma das favoritas em Pequim Foto: Kirill KUDRYAVTSEV / AFP

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Favorita ao ouro em Pequim, Valieva viu seu nome no olho do furacão após a Agência Mundial Antidoping (Wada, sigla em inglês) anunciar que a competidora havia testado positivo para trimetazidina, um medicamento para tratamento de angina de peito, detectada após um controle em 25 de dezembro em campeonato no seu país. O resultado só foi conhecido em 8 de fevereiro, um dia depois de conquistar o ouro na prova por equipes.

Apesar do flagra, Valieva foi liberada para competir em Pequim. Isso porque a atleta é classificada como "pessoa protegida" — menores de 16 anos — e, apesar de passível de punição, pode ter a pena diminuída de maneira relevante. Um dos argumentos usados pela atleta no julgamento feito pela Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês), que analisou uma possível suspensão e a perda da medalha de ouro conquistada na disputa por equipes, foi a de que que a contaminação por trimetazidina aconteceu por conta de um medicamento usado pelo seu avô, que usa a substância para tratar angina.

Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) fez duras críticas ao episódio, classificando como "aterrador" acompanhar o tratamento recebido pela partinadora e sua equipe durante a competição em Pequim. 

"Fiquei muito perturbado ontem quando assisti à competição na televisão. Eu vi o quão alta deve ter sido a pressão sobre ela. Essa pressão está além da minha imaginação. Em particular para uma menina de 15 anos, vê-la lutando no gelo, vendo como ela tenta se recompor novamente e terminar seu programa", disse Bach. 

'Dano enorme e irreparável'

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Nesta quinta-feira, 17, a CAS publicou a a íntegra do julgamento que rejeitou o pedido de suspensão provisional de Valieva. Entre os pontos citados no processo, a Corte afirma que o caso trouxe "dano enorme e irreparável" à patinadora e critica a Wada pela demora na divulgação do exame antidoping da competidora. 

Segundo o documento, a defesa apresentou uma série de testes antidoping realizados pela patinadora entre 24 de agosto de 2019 e 7 de fevereiro de 2022, todos negativos. Neste ano, outros dois testes foram realizados, um em janeiro, outro em fevereiro, ambos negativos. No formulário de Valieva, a patinadora afirma usar apenas LCarnitina, Supradyn e Hypoxen 4, os três permitidos pela legislação. 

Outro ponto argumentado pela defesa é a quantidade de substância ilegal encontrada no organismo da competidora. O teste apontou que apenas 2,1 ng/ml foram encontrados no exame, enquanto, segundo os advogados da atleta, seria necessária uma concentração de 966 ng/ml para implicar em efeitos de performance. 

O caso de Valieva ainda será julgado pela ISU e caso haja discordância com a decisão da Angência Antidoping Russa (RUSADA, sigla em russo), uma das responsáveis por defender a liberação da atleta, o caso será levado para julgamento no CAS, mas sem implicações nos resultados dos Jogos de Pequim.