Keila Costa obtém medalha inédita

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Por Agencia Estado
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Keila da Silva Costa é agora a única mulher na história do atletismo brasileiro a ganhar uma medalha em um Mundial, incluindo as competições para adultos (as oito medalhas que o atletismo tem nesse tipo de prova foram ganhas em provas masculinas). Keila, uma garota de 19 anos, ficou com a medalha de bronze no salto triplo, com 13,70 metros, dividindo o pódio do Mundial Juvenil da Jamaica, no Estádio Nacional de Kingston, quarta-feira à noite, com as cubanas Mabel Gay (14,09 m) e Arianna Martinez (13,74 m). O feito, por si só, é importante em uma prova, o salto triplo, que o Brasil teve grandes nomes como Nelson Prudêncio, Adhemar Ferreira da Silva e João do Pulo. Mas a medalha ganha ainda mais importância pela história de Keila, de 1,70 m e 62 quilos, uma pernambucana de origem humilde. A brasileira, que foi a terceira melhor juvenil do mundo no salto triplo, treina em uma pista de terra na escola Isaura França, de Abreu e Lima, interior de Pernambuco, não tem médico, fisioterapeuta, nutricionista, laboratório de biomecânica... e ainda doa seu salário, de cerca de R$ 2 mil por mês, dos patrocínios com o atletismo, para o Projeto Atletas COM Futuro, que reúne 120 meninos e meninas, 80 deles competindo. Desde sua primeira vitória no Norte-Nordeste, em 1998, sonhava em subir no pódio em uma competição como o Mundial. Lamentou ter ficado tão perto da prata - a 4 centímetros - e não ter repetido sua melhor marca (é recordista brasileira juvenil, com 14 metros), mas ficou feliz com a medalha. "Acho que as crianças vão ficar orgulhosas de mim. E espero que queiram se espelhar nisso que eu consegui. As pequenininhas sempre falam que querem ser como eu. Essa medalha é deles", fala Keila sobre o projeto de Abreu e Lima. Keila, que treina com o técnico Roberto Ribeiro de Andrade, sabe que para aperfeiçoar os detalhes do seu salto agora precisaria de uma infra-estrutura mais adequada. "Um médico já ajudaria", afirma. Mas não gostaria de sair de Pernambuco para São Paulo ou até para o exterior, por causa do projeto. Gostaria sim "que o governo de Pernambuco abrisse os olhos para os garotos que tem". A atleta entende que projetos como esse para meninos de rua são fundamentais na região do Nordeste. O técnico Roberto Ribeiro de Andrade disse que "viu um filme passando na cabeça", no Estádio Nacional de Kingston, desde que Keila começou a treinar, há dez anos. "Ela já fez história, o que é mais importante ainda para quem saiu do nada e está entre as melhores do mundo." Na marcha atlética, 10 km, quarta-feira à noite, Rafael dos Anjos Duarte foi o quarto colocado, com 42min00s39, melhor marca pessoal da carreira.

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