PUBLICIDADE

Publicidade

Largada!

Grand Prix

Por Reginaldo Leme
Atualização:

Esta semana começou diferente pra mim. Desde segunda-feira, eu só pensava na noite de quinta, que é quando os novos carros da Fórmula 1 entrariam na pista de Melbourne pela primeira vez. Como escreveu Ernest Hemingway, o melhor da festa é esperar por ela. No caso da F-1, mais ainda, porque quando começa, a festa dura três dias. O que posso escrever neste momento é a expressão do que espero ver neste fim de semana tão aguardado pelos fãs do automobilismo no mundo todo. Mas quando a coluna estiver sendo lida por vocês, as duas primeiras sessões de treinos já terão acontecido na Austrália, onde a sexta-feira começou 14 horas antes do que em Brasília. O fuso horário tão grande é responsável pelo slogan "down under", que todo australiano assume com orgulho, e pode ser traduzido por "de cabeça pra baixo". É como eles se sentem em relação ao mundo ocidental. Geograficamente é verdade. A primeira corrida do ano é a resposta a uma série de dúvidas deixadas pela pré-temporada. Não que eu acredite em blefe para mais (no caso da Brawn) ou para menos (no caso da McLaren). É mais pelas mudanças técnicas, desta vez tão importantes, que a gente precisa verificar na prática se as restrições aerodinâmicas, combinadas com a volta do pneu slick, vão surtir efeito na tentativa de facilitar ultrapassagens, se as asas dianteiras ajustáveis vão funcionar, se o acréscimo de potência proporcionado pelo Kers compensa a perda em distribuição de peso e quantos aerofólios dianteiros vão restar inteiros depois da disputa da primeira curva. O circuito é espetacular, como a própria cidade de Melbourne. Mas como circuito de rua, não dá muita chance de ultrapassagem e é também ondulado em alguns pontos de freada. Só a velocidade não tem nada a ver com a de outras pistas de rua. A máxima passa de 300 km/h e a media da volta fica em 215 km/h, com 65% do tempo em aceleração plena, o que é característica própria de autódromos. Agora que não existe mais o GP do Canadá, Melbourne passou a ser o circuito que mais exige dos freios. Uma outra preocupação dos engenheiros é o desgaste excessivo dos pneus traseiros. E já faz dez anos que a F-1 não corre com pneus slick. Até chegar a este primeiro treino oficial, as equipes passaram por onze sessões de testes em seis circuitos diferentes. Felipe Massa foi quem mais andou, somando 4.697 quilômetros. Só Fernando Alonso chegou bem perto, com 4.662. Mas somando a quilometragem dos dois pilotos, a Toyota treinou mais - 8.391 quilômetros. A Brawn, de Rubinho Barrichello e Jenson Button, que oficialmente existe há um mês, só participou de 7 dias de testes em Barcelona e Jerez de la Frontera, mas foi a que mais impressionou. A ponto de gerar entre rivais protestos contra a solução encontrada por Ross Brawn para o difusor traseiro. Mas está tudo aprovado pela FIA, e quem protestou ainda teve de ouvir de Brawn que "a ideia era óbvia para quem soubesse ler o regulamento". Entre os vinte pilotos que começam a temporada deste ano, a única estreia é a do suíço Sebastien Buemi. O mais novo é o alemão Sebastian Vettel (20 anos) e Barrichello, com 36, é o mais velho. Onze pilotos do grid têm vitória na F-1, mas nesta pista apenas quatro deles venceram. E nenhum é brasileiro. Mas tem uma boa notícia - há seis anos Melbourne não repete vencedor. Quem sabe, é agora.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.