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Levante culminou com fim do regime de segregação

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Por Cristiano Dias
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A descoberta de ouro no planalto sul-africano, em 1886, teve duas consequências quase imediatas: a fundação de Johannesburgo e o estabelecimento de núcleos urbanos para enclausurar a população negra que trabalhava nas minas. Ao longo do tempo, o confinamento de negros ganhou vários eufemismos: "campos de desocupação", "bairros", "cidades-dormitório". No inglês autóctone, ficaram conhecidos como "townships". O nome Soweto surgiu em 1963 como acrônimo de "South Western Township", local que reunia os assentamentos do sudoeste da cidade. A 15 quilômetros de Johannesburgo, o lugar ganhou a atenção do mundo em 16 de junho de 1976, quando o gueto se revoltou contra o governo, que queria impor às escolas o ensino em africâner, a língua do regime branco, em vez do inglês. Cerca de 10 mil estudantes negros realizavam uma passeata pacífica quando a polícia abriu fogo. O massacre deixou 566 mortos. A foto de um garoto de 12 anos, Hector Pieterson, carregado morto por um amigo, transformou Soweto em símbolo da resistência negra. O Levante de Soweto levou vários jovens negros a campos de guerrilheiros no exílio, reforçando a luta armada contra o regime racista. A notícia da revolta correu o mundo e desatou sanções internacionais que derrubariam o apartheid nos anos 90. Com o fim da segregação, o 16 de junho tornou-se Dia da Juventude, feriado nacional.

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