Londres 2012, aí vamos nós!

Seleção brasileira vence a República Dominicana por 83 a 76 e garante vaga nos Jogos Olímpicos depois de uma longa ausência de 16 anos.

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Por Redação
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MAR DEL PLATAFaltavam menos de dez segundos para o fim do jogo e Marcelinho Machado, de 36 anos, estava posicionado na linha de lance livre. Foi ele quem marcou o último ponto da vitória que levou o Brasil de volta aos Jogos Olímpicos, após 16 anos de ausência. Pronto para converter, definindo o resultado de 83 a 76 contra a República Dominicana, o ala, veterano de cinco Pré-Olímpicos, não conseguiu segurar as lágrimas. O Brasil havia vencido, na noite de ontem, um dos seus jogos mais importantes das últimas duas décadas.Marcelinho Machado foi um dos heróis da classificação brasileira, conquistada na base do sofrimento - os dominicanos, que haviam imposto à seleção sua única derrota em Mar del Plata, brigavam por uma inédita classificação aos Jogos. Mas o ala do Flamengo, em sua última chance de disputar uma Olimpíada, saiu do banco e dominou a pontuação do Brasil - teve 20 acertos. Também foi protagonista o armador Marcelinho Huertas, com 19 pontos, que, apesar de uma atuação irregular, não deixou a quadra um minuto sequer. Monstro no garrafão, o pivô Rafael Hettsheimeir, revelação do País no Pré-Olímpico, marcou 14 pontos e foi o principal reboteiro, com 8 bolas.O clima de comoção tomou conta do Polideportivo Islas Malvinas, em Mar del Plata - pelo menos em quadra, entre os brasileiros, já que das arquibancadas, tomada por argentinos, a manifestação era sempre de hostilidade. Mas isso não minimizou a festa que já se desenhava nos segundos finais do jogo, quando efusivos abraços já celebravam a vaga para a Olimpíada de Londres, em 2012. Desde Atlanta/1996 o Brasil não participava dos Jogos.O tempo para comemorar foi curto, já que logo em seguida, Argentina e Porto Rico enfrentaram-se para definir a outra semifinal (e, consequentemente, a segunda equipe classificada para Londres). A final será disputada hoje, às 21h15. Mesmo assim, os jogadores fizeram o "peixinho", deslizando pela quadra, pegando emprestada a celebração da equipe de vôlei masculino. Também cantaram, dançaram e choraram. Tudo sob o olhar orgulhoso do argentino Rubén Magnano, técnico campeão olímpico em Atenas/2004, que assumiu a seleção no início do ano passado com o objetivo de conseguir a sonhada classificação. "Acho que estou vivendo uma das grandes emoções da minha vida", disse.Celebração. "Essa vaga representa muita coisa. Você trabalha anos para conquistar isso e não vem, não vem... Mas esse ano o mérito é nosso, nos dedicamos muito, foram dois meses treinando e abdicando de muita coisa para chegar num momento como esse. É uma alegria indescritível", disse Marcelinho Machado ao SporTV. De seus 20 pontos, 15 foram marcados em chutes de três - característica de Marcelinho muitas vezes criticada. O técnico da República Dominicana, o americano John Calipari, assumiu que a arma brasileira lhe pegou desprevenido. "O Brasil nos surpreendeu com as bolas de três. Poderíamos ter vencido, mas acho que nos faltou sorte."O Brasil conseguiu a vaga olímpica sem três dos atletas que atuam na NBA - o pivô Nenê Hilário e o ala-armador Leandrinho pediram dispensa por motivos pessoais, e o ala-pivô Anderson Varejão, lesionado, chegou a se apresentar, mas foi cortado. No grupo que Magnano levou a Mar del Plata, estavam velhos conhecidos, como o armador Nezinho, os alas Alex Garcia e Marquinhos, além dos pivôs Guilherme Giovannoni e Tiago Splitter. Mas, também, novos valores, como o armador Rafael Luz, o ala-armador Vitor Benite e os pivôs Rafael Hettsheimeir e Augusto Lima (leia abaixo).A mistura entre experientes e novatos causou algumas dificuldades ao Brasil no início do Pré-Olímpico. As duas primeiras partidas, contra Venezuela e Canadá, terminaram em vitória, apesar do sufoco. Em seguida, veio a derrota para a República Dominicana - a única em nove partidas. No jogo contra Cuba, a seleção fez sua pior apresentação. Mas, diante do rival mais fraco que enfrentou, venceu.Nas quartas de final, o time mostrou a que veio. Passeou contra Uruguai (93 a 66) e Panamá (90 a 65). Depois, no dia 7 de setembro, conquistou uma vitória histórica: derrotou a Argentina, em seus domínios, por 73 a 71. Em seguida, bateu Porto Rico, rival sempre perigoso, por convincentes 94 a 72. Classificado às semifinais como a melhor campanha, faltava ao Brasil vencer o jogo que realmente interessava. E a vitória veio, assim como o carimbo no passaporte para Londres.Dirigente não quer Nenê e LeandrinhoPresidente da CBB, Carlos Nunes acha que Nenê e Leandrinho não devem ir a Londres. "É complicado dizer isso, mas acho que só o Varejão tem lugar, né", afirmou ao site globoesporte.com. "Nada contra quem não veio, mas esses guris deram o sangue, e agora tem um filezinho mignon, e eles vão ficar fora?".O JOGOPrimeiro quarto: Com 4 pontos de Marquinhos, o Brasil começou vencendo a partida. Fechou a parcial em 18 a 17.Segundo quarto: Rafael Hettsheimeir foi o destaque, na parte ofensiva e defensiva. Mas foi Marcelinho Machado que tirou o Brasil do sufoco e marcou, de três, para fechar o período com 39 a 36.Terceiro quarto: O Brasil passou dificuldades na primeira metade, que ficou empatada por 45 pontos. No período final, a seleção reagiu, novamente com Marcelinho, e fez 62 a 55. Quarto quarto: Com quatro jogadores pendurados, foi no último período que o Brasil abriu sua maior diferença no placar: 10 pontos.

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