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Lucas Prado sonha alto e já mira 2016

Velocista do Mato Grosso, que perdeu 90% da visão de forma repentina, fala em chegar invicto aos Jogos do Rio

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Por Amanda Romanelli
Atualização:

A Paraolimpíada de Londres só será disputada no ano que vem e a disputa do Rio está a cinco anos de distância no calendário. Mas, para o velocista mato-grossense Lucas Prado, os meses que separam o dia de hoje da Paraolimpíada do Brasil só servem para reforçar a façanha com a qual ele sonha: chegar a 2016 invicto. Na madrugada de amanhã, a partir das 3h49 (de Brasília), ele briga por sua primeira medalha em Christchurch, na disputa da final dos 100 m.Tricampeão paraolímpico em Pequim 2008, quando ganhou os 100 m, 200 m e 400 m da categoria T11 (cegos), Lucas espera repetir a trinca de ouro em todos os torneios dos próximos cinco anos. E não serão poucos. "Só neste ano tenho o Mundial da IBSA (para cegos), na Turquia, e o Para-Pan de Guadalajara, além do Mundial aqui de Christchurch. Muita gente fala que eu sou louco, mas tenho de pensar alto, não é verdade?"Lucas tem 25 anos e perdeu 90% da visão de repente, aos 18 anos, por causa do descolamento de retina causado pela coriorretinite. Em 2005, começou a correr e foi convocado para a seleção brasileira de atletismo. No ano seguinte, já totalmente cego, disputou seu primeiro Mundial.Apesar da medalha de prata no revezamento 4 x 100 m das categorias T11-13, não ficou nada satisfeito. "Considero que estou fazendo minha verdadeira estreia agora", conta. "No primeiro eu estava nervoso, não conhecia os atletas. E o Mundial é mais forte que Paraolímpiada, justamente porque é seletiva. É no Mundial que surgem as novidades." Apesar de considerar o desempenho em Assen frustrante, Lucas viu que tinha condições de correr entre os melhores. "Saí de lá com a cabeça erguida. Vi que estava no caminho certo e que ainda não tinha chegado ao meu ápice."O topo chegou mesmo em 2008. Na Olimpíada de Pequim, os três ouros surgiram acompanhados de dois recordes mundiais. Só falta melhorar a marca dos 400 m, que pertence desde 2004 ao angolano José Armando Savoio (50s03). "Já deixei essa marca por muito tempo nas mãos dele", brinca o velocista, referindo-se ao rival como um amigo. "Ele me inspirou muito em 2006. É guerreiro, um cara simples, que sempre diz que gosta de correr quando estou na prova."A depender do desejo de Lucas, o recorde virá na terça-feira. "Desta vez sai. Cansei de bater na trave." Com a melhor marca pessoal em 50s28, o velocista garante que tem se aproximado do tempo de Savoio em treinos e até adotou nova tática: vai usar guia específico para a prova. Enquanto Justino Barbosa, que esteve com ele em todas as finais olímpicas em Pequim e correrá os 100 m e 200 m, Laércio Martins será o homem a acompanhá-lo na volta completa na pista do Parque Olímpico Rainha Elizabeth 2.ª.QUEM ÉLUCAS PRADO: Natural de Rondonópolis-MT, o atleta de 25 anos representa o Ajidevi, clube de Joinville-SC. Sua classe é a T11 (deficiente visual) e as provas de que participa são as de 100m, 200m e 400m. Em Pequim 2008, venceu suas três corridas, duas delas com recorde mundial.

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