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Mãe de Marta reza, chora e passa mal

Por Ricardo Rodrigues e Dois Riachos
Atualização:

Chorando. Foi assim que dona Tereza Vieira de Sá, de 61 anos, mãe da jogadora Marta, recebeu a derrota da seleção feminina para os Estados Unidos. Dona Tereza assistiu ao jogo ao lado de amigos e parentes em sua casa em Dois Riachos, no sertão alagoano, a 190 quilômetros de Maceió. Ângela, irmã de Marta, contou que a mãe praticamente não dormiu na noite anterior, ansiosa com o jogo. "Ganhar essa medalha de ouro é o sonho de Marta", disse dona Terezinha, ao receber a imprensa na casa que a filha construiu e deu para ela depois que passou a ganhar dinheiro com o futebol feminino, na Europa. Antes de a partida começar, a mãe da jogadora estava alegre e disposta, confiante na vitória. "Desta vez a gente ganha", afirmou. Depois que a bola começou a rolar, ficou preocupada com o "fantasma" de Atenas, quando o Brasil perdeu na final, também para as norte-americanas. Com um terço nas mãos e vestindo a camisa 10 que a filha lhe deu de presente, dona Terezinha assistiu ao tempo regulamentar da partida e ao início da prorrogação. Quando a jogadora Lloyd, da seleção dos Estados Unidos, marcou o gol e fez a chance de o ouro olímpico para o futebol feminino brasileiro ficar mais longe, dona Terezinha não agüentou e se desmanchou em lágrimas. Chorou tanto que passou mal. Teve de ser levada para o quarto, onde foi atendida por enfermeiras. Segundo familiares, as emoções fizeram sua pressão subir - mas não passou de um susto. Para José Vieira, irmão mais velho da jogadora, de 32 anos, faltou sorte para a seleção. "As meninas jogaram bem, mereciam a vitória", comentou. "Toda vez que a gente prepara uma festa, acontece isso." Foi assim na final da Copa do Mundo de Futebol Feminino, quando o Brasil perdeu o título para a Alemanha, no ano passado, também na China. "Da próxima vez não preparo nada, só assim a gente ganha." Antes de a partida começar, a rua onde vive a mãe de Marta era só festa - com direito a mini trio elétrico e um locutor ao microfone, que anunciava para logo mais o jogo do Brasil contra os Estados Unidos. A movimentação por ali era intensa. Todos queriam falar sobre a admiração a Marta, grande celebridade local. "Se não fosse Marta, Dois Riachos não existiria", brincou um colega de infância da jogadora, que até hoje se orgulha de ter levado dribles desconcertantes da "Pelé de Saias" no campinho da cidade. "Ela com dez, doze anos, já jogava bola no meio dos homens, aplicava dribles, fazia gols, era muito habilidosa", conta José Julio de Freitas, o Tota, 66 anos, primeiro técnico da jogadora e uma espécie de fã número um. Segundo ele, desde menina, com 7 anos, que a jogadora alagoana, nascida em Dois Riachos, já demonstrava talento para o futebol. Apesar de toda a habilidade nos pés, o irmão mais velho de Marta, José Vieira, não gostava que ela jogasse. "Os colegas mexiam comigo, diziam que minha irmã era mulher e jogava mais bola do que eu."

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