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Mais perto do tri

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Por REGINALDO LEME
Atualização:

Quando estreou na F-1, Lewis Hamilton era uma promessa inglesa criada dentro da McLaren desde os 11 anos de idade, que tinha dado certo na F-Renault, F-3 e GP2, sempre como campeão. Ele dividiria a equipe com Fernando Alonso, que vinha de uma brilhante conquista do bicampeonato mundial derrotando Michael Schumacher. Na cabeça do espanhol, o natural seria ele assumir a liderança da equipe que o levaria ao tricampeonato. Só esqueceram de combinar com Hamilton, que não é do tipo que respeita adversário seja lá quem for. O tempo passou e, nove anos depois, vai começar mais uma temporada em circunstâncias quase opostas. Alonso não conseguiu o desejado terceiro título e Hamilton, agora bi, está muito mais próximo disso pilotando o melhor carro da F-1. Até o ano passado, os dois eram considerados pilotos com poucos títulos em relação ao talento e tempo de carreira. Agora, este é um problema exclusivo de Alonso. Para Hamilton, em oito anos de F-1, ter vencido 33 das 148 corridas que disputou, com 38 poles, 70 pódios e dois títulos mundiais já o deixa mais de acordo com o talento que tem. Alonso ficou para trás. Mesmo descontando o ano que ele passou apenas testando pela Jaguar e Renault (2002), tem cinco a mais do que Hamilton na F-1, 234 Grandes Prêmios, e viu no ano passado a sua marca de 32 vitórias ser superada justamente pelo inglês. Perde também em poles (22) e mesmo os 97 pódios, na proporção ao número de corridas que disputou, significa menos do que os 70 pódios do rival. É pouco para aquele que tem fama de melhor piloto do mundo, mais completo do que Hamilton. Ninguém tem mais certeza disso do que o próprio Alonso. Ao abandonar a Ferrari para manter-se na busca pelo terceiro título, ele se deu mal. Encontrou as portas fechadas na Red Bull e Mercedes, e apostou na McLaren confiando na volta da parceria com a Honda. Sabia que teria de esperar um tempo, mas já percebeu que exercer a paciência será o seu maior desafio. Acontece que a paciência não está entre as suas grandes qualidades. Na época do primeiro título (2005) era o campeão mais jovem da história, 24 anos de idade, e havia tempo de sobra para ganhar, no mínimo, mais dois campeonatos, igualando-se a Alain Prost. Não foi bem assim. Nem os cinco anos de Ferrari resolveram a questão. Hamilton deslanchou, Alonso atolou. E agora o inglês dá a largada em 2015 com 50% de chance (sendo bonzinho com Rosberg) de conseguir o tri este ano. O espanhol nem larga na primeira corrida. O que vai se ver no GP de abertura do Mundial não será muito diferente do ano passado. A Mercedes pode estar ainda mais à frente. Mas Rosberg promete uma revanche e nós pagamos pra ver. Ele passou as férias cuidando da preparação física, treinou muito no simulador, dominou o primeiro dia de treino e esbanja confiança ao dizer que não se considera menos piloto do que Hamilton. O inglês, quando tem a cabeça no lugar, todo mundo sabe que é quase imbatível. E este ano terá uma motivação extra - um terceiro título o igualaria ao ídolo de infância Ayrton Senna, além de Nelson Piquet, Jack Brabham, Jackie Stewart e o seu próprio chefe Niki Lauda. O campeonato terá outra disputa muito interessante, que é a da segunda força da F-1, entre Ferrari, Williams e Red Bull, mas com forte pressão da Toro Rosso, que tem um carro muito forte. Talvez ela pague um preço por usar dois pilotos estreantes. O espanhol Sainz Jr, campeão da World Series, e Max Verstappen, o mais jovem da história a correr de F-1, com 17 anos de idade. Os dois têm talento, mas são bem agressivos como todo iniciante. A diferença entre eles é que Sainz Jr é filho de Carlos Sainz, um dos maiores campeões da história do rali, e Max tem de ser bom o suficiente para fazer uma carreira bem diferente do pai, Jos Verstappen, pontuada por acidentes espetaculares e uma imagem única de um carro tomado pelas chamas em pleno pit stop. Isso ocorreu na Benetton por conta de mais uma trapaça de Flavio Briatore, que aboliu um anel do bocal do tanque, com o intuito de ganhar tempo no reabastecimento.

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