26 de junho de 2010 | 00h00
Haveria alguma incerteza a respeito, talvez depois de um drama familiar em que o amor materno ficara em dúvida? A mãe do Nicola estaria proibida de ver o filho e escolhera aquela maneira de vencer o bloqueio? Ou teria vindo à Copa e deixado o filho em casa e agora estava corroída pelo remorso? Não poderia ter escolhido um cenário mais espetacular para sua manifestação. O estádio de Durban é o mais bonito dos que vi até agora. Ele e os outros estádios construídos especificamente para esta Copa farão parte do rebanho de elefantes brancos que a África do Sul herdará, não podendo nem usá-los como atração zoológica. Mas isso não tem nada a ver com o Nicola e sua mãe. Que paixões, que ternura ou angústia não estariam por trás daquela afirmação pública de amor? Fiquei pensando nisso o tempo todo. Meu medo era que o Nicola não estivesse vendo a faixa. Se alguém que conhece o Nicola estiver lendo isso, por favor avise que sua mãe já o perdoou ou pede para ser perdoada, e que de qualquer maneira o ama.
Enquanto isso, em campo, acontecia alguma coisa parecida com futebol. Dois times que "se respeitam", uma maneira de dizer que se anulam pelo medo e a falta de ambição mútuos, correram, se bateram e empataram sem gols. Cristiano Ronaldo, que levantava a torcida portuguesa cada vez que escapava rumo ao infinito, pois sempre dava em nada, continuou jogando apenas com seu próprio ego, o único companheiro que merece sua confiança. Enfim, se o Nicola não estava vendo o jogo na TV, não perdeu nada.
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