Mancini cai. Santos quer Muricy

Em dia de protestos da torcida, após vexame do time contra o Vitória, diretoria anuncia a demissão do treinador

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Por Bruno Deiro e Sanches Filho
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A passagem de Vágner Mancini pelo Santos chegou ao fim, ontem, com uma recepção enfurecida dos torcedores, após a humilhação sofrida pelo time na Bahia. Revoltada com a derrota por 6 a 2 para o Vitória pelo Campeonato Brasileiro, a torcida santista organizou uma série de protestos, que tinha como alvo principal o treinador. Na chegada ao CT da Vila Belmiro, Mancini foi comunicado de sua demissão, depois de cinco meses no cargo. Quem deve ser o técnico do Santos? Vote e participe da enquete online Com a saída do treinador, Serginho Chulapa dirige o time contra o Barueri, amanhã à noite, na Vila Belmiro. Diante do São Paulo, domingo, no Morumbi, o Santos deverá estrear o novo técnico. Muricy Ramalho é o nome de consenso para assumir o cargo, mas o presidente do clube, Marcelo Teixeira, não confirma nem desmente que estaria negociando com o ex-treinador do São Paulo. Outro nome forte é o de Vanderlei Luxemburgo, cujo retorno ao Santos é cogitado desde o fim do ano passado. Correndo por fora está Nelsinho Baptista, ex-Sport, que conhece bem a situação vivida por Mancini - em 2005, foi demitido do Santos após uma goleada histórica por 7 a 1 para o Corinthians. Vágner Mancini foi bastante elogiado no início de seu trabalho no Santos. Encontrou uma equipe dividida por brigas internas e conseguiu colocá-la nas semifinais do Paulista. Com duas vitórias sobre o Palmeiras, levou o time à decisão impondo um futebol ofensivo e vistoso, liderado por jovens como Neymar e Madson. O primeiro tropeço, porém, ocorreu logo em seguida, pouco mais de dois meses após sua chegada. Na semana em que se classificou para a finais do Estadual, o time alvinegro foi eliminado em casa pelo inexpressivo CSA, de Alagoas, na segunda fase da Copa do Brasil. A perda do título paulista para o Corinthians deu início aos primeiros questionamentos acerca do trabalho de Mancini. O começo promissor no Brasileiro foi logo suplantado por uma série de maus resultados, que expôs a fragilidade do elenco santista. A goleada em Salvador mergulha o clube em sua pior crise desde 2002. Naquele ano, o Santos sofria com dívidas e um elenco caro e envelhecido - contratou Emerson Leão para trabalhar os mais jovens e evitar o rebaixamento. Surgia a geração Robinho, que levou o Brasileiro e encerrou uma fila de 18 anos sem títulos de expressão. RECEPÇÃO TENSA A primeira manifestação de protesto da torcida santista ocorreu na madrugada seguinte ao jogo em Salvador. Nas primeiras horas de ontem, os muros do CT da Vila Belmiro foram pichados com frases de protesto - dos jogadores ao presidente, ninguém escapou das ofensas. Os funcionários da limpeza do clube agiram rapidamente e apagaram as frases antes que o dia amanhecesse. A chegada ao Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, teve clima quente. No saguão, um grupo de cerca de 50 torcedores aguardou a delegação com sacos de pipoca para atirar nos jogadores. Com a ajuda da Infraero, porém, atletas e comissão técnica conseguiram driblar os manifestantes. Foram apanhados pelo ônibus do clube na pista e deixaram o aeroporto por uma saída alternativa. Frustrado, o grupo de torcedores esperou a passagem do ônibus santista na Avenida Salim Farah Maluf. Escoltado, o veículo conseguiu desviar-se dos manifestantes, que acabaram sendo dispersados por policiais armados de espingardas com balas de borracha. A recepção no CT Rei Pelé, na Baixada Santista, não foi menos tensa. No início da noite, o ônibus da delegação santista foi atacado com ovos por cerca de cem torcedores. Em meio ao clima hostil, a Polícia Militar precisou intervir, utilizando bombas de efeito moral para intimidar o grupo.

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