Marcelo Ferreira quer disputar Volvo

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Por Agencia Estado
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Marcelo Ferreira, mais de 100 quilos, apareceu deitadão de bruços, esticado à frente do veleiro de Star, na linha de chegada que deu o ouro à dupla brasileira. Literalmente, o proeiro vai "empurrando o barco com a barriga", fazendo movimentos que ajudam a "pegar ondas", para mais velocidade. Marcelo, 38 anos, dois filhos, é parceiro de Torben Grael há 15 anos (com quem ganhou dois ouros olímpicos e um bronze). Dá dicas sobre ondas, bóias e adversários, além dos juízes, quando o timoneiro está com a visão encoberta, a vela à sua frente. Agência Estado - Que pose é aquela, esticadão de barriga na frente do barco, já próximo da linha de chegada? Marcelo Ferreira - (risos) É para tirar a popa (frente do veleiro) da água, para ganhar mais velocidade. Posição de repouso não é, com certeza!... AE - Na chegada, com o ouro antecipado, você quase começou a chorar... É uma sensação de dever cumprido, depois de muito trabalho. O impacto de tentar e conseguir. Foi o que eu disse: perdemos o ouro nas águas de Sydney e viemos recuperar aqui em Atenas. É uma sensação maravilhosa, quando você atinge o seu objetivo. AE - Depois, finalmente vocês foram jantar fora, depois de um mês de garfo e faca de plástico na Vila Olímpica? Um mês chegando às oito na marina, saindo às oito da noite para ainda enfrentar aquele bandejão?... Nada como sentar em restaurante, comer com talher pesado, copo de vidro, essas coisas! AE - Muito velejador reclamou de vento fraco, vento instável na raia. Para mim, os ventos estiveram maravilhosos! Quando não se vai bem, diz-se que foram os ventos. Eu diria que estávamos em dia com os deuses. O inglês campeão do mundo fez dois ou três últimos lugares. E tenho aqui o Torben, que com esse tipo de vento sabe fazer tudo direitinho... AE - O Torben vem de família tradicional de vela. E você? De tradição zero! Comecei por acaso. Um amigo de infância me convidou para andar de barco em Niterói - na verdade para ir pescar. Tinha uns 11, 12 anos. Comecei a achar o troço interessante... Fui tripulante de várias classes... e sou tripulante até hoje. AE - E o projeto do barco brasileiro para a Volvo (a mais tradicional regata de volta ao mundo) no fim de 2005? Você está dentro? Puxa, o comandante ainda não deu os nomes da tripulação... (olhando para Torben). Mas eu já me candidatei!

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