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Marcha atlética impulsiona atletismo do Brasil

Modalidade tem ótimos resultados internacionais, com Caio Bonfim e Erica Sena, e isso traz mais visibilidade ao esporte

Por Paulo Favero
Atualização:

O Brasil voltou do Mundial de Atletismo, em Londres, com apenas uma medalha na bagagem. Caio Bonfim conquistou o bronze na marcha atlética e mostrou que a modalidade vem sendo a que mais impulsiona os outros atletas do País, com resultados regulares e pódios nos últimos anos. Além dele, Erica Sena, também nos 20 km, ficou na quarta colocação e por pouco não foi premiada. Já Nair da Rosa chegou em quinto lugar nos 50 km.

Ser um espelho para os outros atletas tem se tornado rotina para o pessoal da marcha atlética. “Acho que essa é a ideia de todos os atletas nas suas provas individuais. A gente fica feliz de poder dar o nosso melhor e ajudar. Estava em Daegu quando a Fabiana Murer ganhou o ouro e sei o quanto isso é importante. A geração é nova, precisa ter paciência, tem uma garotada muito boa no nosso atletismo e temos grandes chances de fazer um grande Mundial na próxima vez”, explicou Caio.

Caio Bonfim treina em Brasília com o Congresso Nacional ao fundo. Foto: Dida Sampaio|Estadão

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Ele vem tendo ótimos desempenhos internacionais e, além do bronze no Mundial, bateu o recorde brasileiro dos 20 km na marcha atlética ao fazer 1h19min04s. Já Erica Sena cravou o recorde sul-americano na mesma distância com 1h26min59s e dias depois foi anunciada pela Iaaf (Associação Internacional de Federações de Atletismo) como campeã do Circuito Mundial de Marcha – no masculino, Caio ficou em segundo.

“Há vários anos a marcha atlética vem crescendo no Brasil. As conquistas recentes são resultado do trabalho de muito tempo, com crescimento constante desde o início dos anos 2000”, comentou José Antônio Martins Fernandes, o Toninho, presidente da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).

Para o Mundial, Caio contou com a ajuda da entidade para fazer uma preparação final na Espanha, em região de altitude, enquanto Erica optou pela França. “Em 2015 não tive camping, mas para Olimpíada e nesse ano eu tive. Precisamos de oportunidade para abrir caminhos. A gente teve apoio, a CBAt está construindo em Bragança um CT que o atletismo não tinha, pude ir para alguns challenges, o governo de Brasília entrou e fez uma parceira que ajudou, o COB também ajudou, tudo isso contribuiu bastante”, conta.

Para o torcedor, a ausência de medalha é sempre sentida, mas no projeto desenvolvido pela CBAt existe a avaliação que os resultados vão além dos finalistas nas provas. “Tivemos quatro semifinalistas e dois atletas que ficaram bem próximos da qualificação para a final. Os brasileiros estabeleceram recordes sul-americanos em duas provas, recorde brasileiro em uma, recordes pessoais em três provas e recordes da temporada”, explica Toninho.

Caio Bonfim posa com a medalha conquistada em Londres. Foto: Dida Sampaio|Estadão

Ele revela, inclusive, que a entidade contava com um resultado melhor de alguns atletas e também que algumas ausências tiveram impacto no desempenho final. “Em algumas provas esperávamos um resultado melhor, caso do Darlan Romani no arremesso do peso. Também tivemos dois atletas importantes que se lesionaram e não puderam competir, como o campeão olímpico do salto com vara Thiago Braz e a triplista Nubia Soares, top 5 do mundo.”

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Sem contar os atletas da marcha atlética, o melhor resultado foi da velocista Rosangela Santos, que foi sétima nos 100 m rasos e cravou o recorde sul-americano com 10s91. Assim, se na marcha os resultados já estão aparecendo, nas provas de velocidade e de fundo o trabalho ainda precisa ser maior. “A gente quer dar nosso melhor e torcemos para todos os atletas. O que a Rosângela fez, o revezamento, o que o pessoal dos saltos faz, tudo isso é bom. Para a gente são resultados que valem como medalha. Sabemos como é o dia a dia da luta”, diz Caio.

Ele sabe que conquistar uma medalha no Mundial é bom porque ajuda o atletismo brasileiro a se desenvolver. Caio explica que a disputa em sua categoria é muito dura. “Essa geração compete junta desde moleque, com exceção do russo, que é mais novo. Consegui colocar o Brasil nessa briga e já ganhei do colombiano que foi ouro, já perdi para o australiano que ficou atrás de mim. Sempre são provas dificílimas”, argumenta.

Se a marcha atlética impulsiona o atletismo brasileiro, o que impulsiona Caio é o projeto social Caso (Centro de Atletismo de Sobradinho), tocado por sua família no Distrito Federal. “O clube é grátis, se tiver interesse e quiser treinar, vai ter café da manhã, uniforme, e temos um perfil de alto rendimento e de socialização também. Estamos precisando de mais esporte na escola, mais incentivo, e o sucesso da marcha ajuda. Muitos me perguntam sobre o esporte e isso é bacana”, conclui.

Três perguntas para Toninho Fernandes, presidente da CBAt

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1. Qual é sua avaliação da participação do Brasil no Mundial? Foi a melhor participação coletiva em muitos anos. Tivemos finalistas em nove provas, sendo que em seis delas os atletas brasileiros ficaram entre os oito mais bem colocados. Com isso, o Brasil ficou entre os 20 países com melhor pontuação no campeonato.

2. Quais as perspectivas do atletismo brasileiro para este ciclo olímpico? Iniciamos este ano o trabalho para o ciclo olímpico de Tóquio 2020. O Mundial de Londres foi importante para mostrar nossa situação atual. Temos uma expectativa boa, pois nossa seleção conta com jovens atletas, com até 22 anos, e um grupo forte na casa dos 25, 26 anos. Ou seja: em condições de chegar no melhor de sua forma nos Jogos de 2020. Contamos também com atletas na casa dos 30 anos, com experiência que passam para os mais jovens.

3. Como está a situação financeira da entidade e quais as perspectivas? Renovamos o contrato de patrocínio com a Caixa para este novo ciclo olímpico. Para a CBAt é importante que a empresa continue vendo no atletismo um parceiro preferencial. Graças aos recursos do patrocínio, do COB, por meio da lei Agnelo/Piva, e a parceria com o Ministério do Esporte, na Rede Nacional de Treinamento de Atletismo, podemos proporcionar preparação adequada para as nossas seleções. Também renovamos o contrato com a Nike e firmamos uma parceria com a Mondo, para a manutenção das pistas.

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