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Marílson desbanca Vanderlei de Lima

Por Agencia Estado
Atualização:

Cornelius Horan, aquele ex-padre irlandês que agarrou Vanderlei Cordeiro de Lima na inesquecível maratona olímpica de Atenas, foi um anjo na vida do brasileiro. A opinião é do amigo Marilson Gomes dos Santos, atual campeão da Corrida de São Silvestre. "Para o Vanderlei, o episódio com o irlandês foi ótimo", declara. "O incidente teve mais repercussão do que teria, por exemplo, uma medalha de ouro." Sua experiência de 27 anos de idade, boa parte deles dedicados ao esporte, lhe dá a certeza de que Horan provocou divulgação do atletismo jamais vista anteriormente no Brasil. Ao mesmo tempo, lamenta a necessidade de situações como aquela para pôr o atletismo na vitrine. Aposta que dificilmente a modalidade voltará a ter tal destaque caso nenhum outro fato inusitado ocorra nos próximos anos. Marilson pode se usar como exemplo. Há 10 dias, conseguiu a excelente marca de 2h08min48s na importante Maratona de Chicago, nos Estados Unidos, que lhe valeu o sexto lugar. Ainda rendeu ao fundista a conquista do primeiro lugar do ranking brasileiro da prova, que era, até então, de Vanderlei (2h09min39s, de abril), medalha de bronze nos Jogos de Atenas. E daí? - Quase ninguém deu bola, quase ninguém sabe que, no ranking, o corredor de Brasília está, hoje, à frente do badalado Vanderlei. É apenas mais um bom atleta, que se vira bem com o patrocínio da BM&F, do Pão de Açúcar e da Prefeitura de São Caetano. Nada além disso para o público. "Infelizmente, as pessoas só assistem ao atletismo na época da Olimpíada, a gente é bem mais reconhecido fora do que no Brasil", observa. "O irlandês acabou sendo bom para o Vanderlei, sem dúvida." O caso, lembra o atleta, é falado até hoje pela mídia e pelo público, mesmo quase dois meses após o fim dos Jogos. "E o fato de ele ter comemorado a medalha de bronze e não reclamado do incidente foi bom para sua imagem." O brasiliense faz questão de dizer, contudo, que não espera um Cornelius Horan em seu caminho. Após a desgastante Maratona de Chicago, Marilson descansa em sua casa, em Santo André, onde vive com a mulher, Juliana - também atleta, bronze no Mundial Juvenil da Jamaica em 2002 nos 800 metros -, e busca a recuperação física para tentar defender o primeiro lugar na São Silvestre. A decisão de participar ou não do evento deve, no entanto, sair apenas em dezembro. Mesmo que resolva correr em São Paulo, no dia 31 de dezembro, não enfrentará Vanderlei. O mais famoso maratonista do País garantiu que não irá à São Silvestre, com a qual não vem mostrando tanto entusiasmo. Pouco depois de ter recebido a medalha de bronze e dado entrevista coletiva, em Atenas, no fim de agosto, foi perguntado por um repórter sobre a São Silvestre. A resposta... "Pô, acabei de ganhar uma medalha olímpica e você me pergunta da São Silvestre!"

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