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Mensagem do Canadá para os Jogos: Nós somos canadenses, droga

Por JANET GUTTSMAN
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O Canadá, que educadamente se irrita quando é confundido com seu poderoso vizinho do sul, clamou por sua identidade distinta na abertura da Olimpíada de Inverno e pediu ao mundo para apoiar seu patriotismo incomum. Com uma colorida e muitas vezes emocionante cerimônia para os Jogos de Vancouver, o Canadá apresentou uma série do tipo "quem é quem" do país, incluindo alguns astros que boa parte do público internacional poderia achar que fossem americanos. Havia cantores como Nelly Furtado e K.D. Lang ao lado do piloto Jacques Villeneuve e do ator Donald Sutherland. "Nós convidamos as pessoas de todas as partes do mundo para compartilhar e experimentar, mesmo que seja por alguns poucos momentos, como é se sentir como um canadense orgulhoso", disse John Furlong, presidente do Comitê Organizador dos Jogos de Vancouver, nascido na Irlanda, ao final da cerimônia, que contou com alta tecnologia e foi surpreendentemente íntima. Numa demonstração da vastidão do Canadá, o segundo maior país do mundo em área territorial, o show apresentou o Ártico, a antiga floresta de Pacific British Columbia e seu imenso prado, assim como a exuberante música das regiões do Atlântico e um desfile de patinadores vestidos de vermelho e branco, as cores da bandeira canadense. A MODÉSTIA TRADICIONAL A primeira cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno a se realizar em um estádio coberto também trouxe imagens da neve, do sol, da lua e até mesmo da chuva, em uma lembrança do tempo que fazia do lado de fora. Esta é a terceira Olimpíada que o Canadá sedia depois de Montreal em 1976 e Calgary em 1988, levando os canadenses nos últimos dias a se desculpar pelo fato de que sua tradicional modéstia seria substituída pelo orgulho nacionalista. "Nós vamos pedir ao mundo que nos perdoe por esta incomum demonstração de patriotismo", disse o primeiro-ministro, Stephen Harper. "Mas nem sempre é fácil ser canadense." Mais elementos da cerimônia de abertura se focaram nos símbolos das comunidades inuit e aborígenes do Canadá, incluindo grandes totens. Nativos dançavam enquanto os atletas adentravam o estádio e líderes nativos tinham lugar de destaque no camarote. As nações anfitriãs, como são chamados os grupos cujos territórios abrigam as instalações olímpicas, trabalham em conjunto com os organizadores, mas nem todas as comunidades nativas são tão amistosas. "A Olimpíada não é bem-vinda em nossa terra", declarou Kanahus Pelkey, ativista de Secwepemc e Ktunaxa, primeiras nações do interior da província de Vancouver, na Columbia Britânica, durante coletiva de imprensa de grupos de protesto no início da semana. Mas a mensagem geral da cerimônia foi que o público estava orgulhoso do Canadá e orgulhoso por ser canadense. "Nós somos culturas diferentes colocadas juntas e jogadas em uma tapeçaria", disse o poeta canadense Shane Koyczan. "Nós somos um experimento indo em direção à mudança, com influências que vão do a ao z."

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