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Mercado livre. Povo, nem tanto

Até o Exército está subordinado ao PC

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Por Redação
Atualização:

A China aderiu à globalização e abraçou com voracidade as leis de mercado, mas não tem planos de mudar o sistema político que concentra o poder nas mãos de seu Partido Comunista. Os poderosos chineses querem provar ao mundo que uma economia capitalista pode sobreviver sem as instituições políticas que caracterizam o mesmo sistema no Ocidente, como liberdade de imprensa, separação de poderes e império da lei. Sempre que pode, o presidente Hu Jintao repete que a democracia nos moldes ocidentais seria um desastre para seu país. Não há uma divisão clara entre o Partido Comunista e o Estado chinês e todos os dirigentes do país ocupam cargos de comando na organização. Hu, por exemplo, é o secretário-geral do PC, cargo considerado de maior prestígio que o de presidente da China. Mas o principal sinal da supremacia do partido vem de seu controle sobre as Forças Armadas. O Exército de Libertação Popular não é subordinado ao Estado chinês, mas ao partido, o que mostra a falta de disposição dos comunistas de realizar qualquer mudança que ameace sua continuidade no poder. O PC chinês decidiu iniciar as reformas econômicas na China 11 anos antes da queda do Muro de Berlim. Não por acaso, ele sobreviveu à débâcle do bloco soviético e se mantém como o maior movimento político do mundo, com 74 milhões de filiados. Apesar de formalmente a China ter outros oito partidos, o país está submetido a um sistema de partido único, no qual não são admitidos desafios à supremacia comunista. O culto à personalidade que marcou os quase 30 anos de domínio de Mao Tsé-tung foi substituído por uma gestão quase tecnocrata, na qual as decisões tendem a ser coletivas. Apesar de ele ter sido líder incontestável da China durante quase duas décadas, até sua morte em 1997, Deng Xiaoping é uma imagem virtualmente ausente dos espaços públicos do país. Com temor de que se repita algo semelhante à Revolução Cultural (1966-1976), na qual a veneração a Mao foi levada ao extremo, o partido combate com vigor qualquer forma de personalismo. Representado nas figuras de Hu e do primeiro-ministro, Wen Jiabao, o poder é de fato exercido por um colegiado de nove pessoas. Mais poderosos entre os chineses, esse grupo integra o Comitê Permanente do Politburo, uma reminiscência do período soviético que designa o Escritório Político do partido.

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