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Mesmo em crise, a vela vai à luta

Esporte que já deu 56 medalhas ao Brasil sofre com intervenção na federação e polêmica na Marina da Glória

Por Agencia Estado
Atualização:

A vela, que já deu 56 medalhas (24 de ouro, 20 de prata e 12 de bronze) para o Brasil, disputará a 15ª edição dos Jogos Pan-Americanos num dos momentos mais tumultuados da história da modalidade no País. A polêmica envolve o próprio esporte, com intervenção na Federação Brasileira de Vela e Motor decorrente de problemas fiscais relacionados ao Bingo Augusta, cujo funcionamento está vinculado à entidade - Lars Grael, recém-eleito presidente, dirigiu a FBVM por 12 dias. A crise também atingiu a organização do Pan, com a decisão do Ministério Público de proibir a construção de uma garagem de barcos na Marina da Glória, em área tombada, e a insistência do Co-Rio em manter lá as competições. Os organizadores já haviam se conformado em erguer instalações provisórias para ter a disputa na Marina, mas a solução depende da aprovação da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa). A vela integra o programa pan-americano desde a primeira edição, em 1951, e sua ausência no Rio seria um escândalo, com prejuízos a uma candidatura do Brasil à Olimpíada de 2016. A decisão da Odepa sai em duas semanas. Caso seja mantido o torneio de vela, as regatas serão disputadas em raias armadas na Baía de Guanabara, de 22 a 28 de julho, nas classes Laser, Laser Radial (feminino), Snipe, Lightning, J-24, Hobie Cat 16, Sunfish e Neil Pryde RS:X (prancha a vela, masculino e feminino). A classe Sunfish, de barcos pequenos (4 m) e leves (58 kg) para um tripulante, que não existe oficialmente no Brasil, é novidade. Só tem um candidato à vaga no Pré-Pan, Bernardo Lowber, que importou o barco. As classes pan-americanas não são iguais às olímpicas. Assim, o Pan não terá a presença dos bicampeões olímpicos da Star, Torben Grael e Marcelo Ferreira. Mas pode contar com outro dono de dois ouros em Olimpíadas, Robert Scheidt, também octocampeão mundial na classe Laser. Antes, Scheidt e os demais velejadores enfrentam a pressão da seletiva no Pré-Pan do Rio, que começou domingo e vai até o dia 11, no Iate Clube. Por causa de Scheidt e seus títulos - é tricampeão pan-americano (95, 99 e 2003) - a Laser é uma das classes mais conhecidas dos brasileiros. ?Se tem classe em que o Brasil é favorito é a Laser, assim como a Snipe. No último Pan, a Snipe ficou com o ouro (com Bruno Bethlen e Dante Bianchi) e é novamente a favorita. Ganhar o Pré-Pan nessa classe é até mais difícil que vencer o Pan?, analisa Lars Grael, que não quer nem ouvir falar na possibilidade de um Pan no Brasil sem a disputa da vela. Lars, atual delegado da vela, já que a federação está sob intervenção, também entende que o Brasil terá amplo domínio na J-24, barco de 5 tripulantes, que ficou com a prata em São Domingos. ?Apesar de termos nos EUA e Argentina rivais fortes, o Brasil velejará pelo ouro.? O campeão mundial Maurício Santa Cruz é favorito. Na Lightning, em que o País tem 10 medalhas pan-americanas, o Chile é favorito, mas ?numa briga dura com o Brasil?, diz Lars. Outra disputa acirrada com os argentinos na prancha a vela, a Neil Pryde RS:X, no masculino. Ricardo Winicki, o Bimba, campeão pan-americano e quarto nos Jogos de Atenas na Mistral, competirá no Pré-Pan com a nova prancha a vela. ?No feminino, com otimismo, podemos ter bronze.? Também na Laser Radial, para mulheres, a aposta é de pódio, mas não de ouro. ?A número 1 do mundo é uma norte-americana (Anna Tunnicliffe).? Na Hobie Cat 16, o Brasil tem só a prata em Winnipeg (99) de Patrícia Kirschner e Cláudio Cardoso. Mas Lars acha que o País tem tripulações com condições de pódio. Disse que pediu intervenção na FBVM para não atrapalhar o Pan. ?Foi uma medida para impedir que desdobramentos de problemas tributários e administrativos da entidade atrapalhassem os velejadores.? Os recursos para a preparação serão repassados diretamente do Comitê Olímpico Brasileiro aos velejadores.

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