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Mineirinho conquista o mundo e é campeão de surfe pela 1ª vez

Brasileiro vai à final e supera matematicamente Mick Fanning

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Por Paulo Favero e enviado especial ao Havaí
Atualização:

Atualizada às 21h

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Pela segunda vez consecutiva um brasileiro conquista o título mundial de surfe. Adriano de Souza, o Mineirinho, teve uma atuação brilhante no Billabong Pipe Masters, ganhou a etapa e superou o favorito australiano Mick Fanning - graças também à ajuda de Medina, que eliminou o rival na semifinal.

“Cheguei ao topo do mundo graças a R$ 30, que foi o valor que o meu irmão pagou para comprar a minha primeira prancha quando a gente não tinha condição de ter um gasto desses. Dedico essa vitória a ele”, afirmou Mineirinho, que foi carregado por dezenas de torcedores brasileiros que estavam na praia em Pipeline.

O surfista do Guarujá sabia que precisava terminar a última etapa do Circuito Mundial à frente de Fanning, que chegou ao evento como líder e via em outro brasileiro, Filipe Toledo, seu maior adversário. Só que Filipinho caiu na terceira fase e deixou o caminho aberto para o australiano, que despachou dois especialistas em Pipeline em fases decisivas, Jamie O’Brien e Kelly Slater.

Aos 34 anos, Fanning teve um temporada bastante regular, com vitórias em Bells Beach e Trestles antes de chegar ao Havaí como favorito. Mesmo com a notícia da morte de seu irmão na quarta-feira, ele competiu com brilho e foi avançando no Pipe Masters. Nesta quinta-feira ele chegou à semifinal, mas foi eliminado por Medina na primeira semifinal e ficou dependendo da derrota de Mineirinho na outra para ser campeão.

O brasileiro fez a sua parte e foi passando as baterias na base da raça e do talento. Na semifinal, viu o amigo Gabriel Medina, já sem chances de conquistar o bicampeonato, eliminar Fanning com um belo aéreo nos últimos segundos da disputa. Então Mineirinho seria campeão se superasse o local Mason Ho na outra bateria. “É um sentimento incrível ser campeão. No meio da corrida do título achava que o Mick merecia mais do que eu, ele é um grande homem e três vezes campeão mundial, e estava lutando contra alguém que queria seu primeiro título”, contou.

O surfista vibrou ainda mais porque ajudou a quebrar o estigma que existe em relação aos brasileiros. “A gente sempre foi muito massacrado, com fama de não saber surfar onda grande. Ganhei em Margaret River com ondas de 15 pés e o Gabriel mostrou em Teahupoo que podemos. Eu quebrei um tabu muito grande, porque as pessoas falavam que um cara do Guarujá não sabe surfar onda buraco. Sou campeão do mundo e do Pipe Masters.”

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Com um surfe competitivo, sem brilho em um mar de poucas ondas, Mineirinho fez o suficiente para chegar à decisão e manter o título mundial no Brasil. No final, ele ainda dedicou a façanha ao amigo Ricardinho dos Santos, assassinado no início do ano por um policial em Santa Catarina.

“Queria agradecer muito a Deus por esse momento e pelo Ricardo lá em cima. Eu também dedico esse troféu a ele. Eu fiz uma homenagem com uma tatuagem aqui no braço, ele estará comigo para sempre, vou carregar a alma dele comigo.”

MOMENTO CRÍTICO

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Na temporada, Mineirinho chegou ao Havaí com uma vitória em Margaret River, na Austrália, e outras duas finais, em Bells Beach e Trestles. Em Portugal, na penúltima etapa do ano, ele ficou em 13º lugar e achou que não conseguiria mais o cobiçado troféu. “Quando perdi em Portugal, achei que o título estava escorrendo pelas minhas mãos. Mas eu me dediquei muito para chegar a essa conquista.”

O título de Mineirinho é mais um capítulo do bom momento do surfe no Brasil. Os últimos dois campeões são paulistas, o vencedor do WQS, uma espécie de segunda divisão, foi Caio Ibelli, e o País vem mostrando talento nas competições. Só para se ter uma ideia, os três troféus mais cobiçados no Havaí ficaram com brasileiros: Mineirinho com o título mundial e o Pipe Masters, e Medina com a Tríplice Coroa Havaiana. “Ninguém acreditava que eu pudesse vencer nos tubos daqui, mas realizei o meu sonho.”

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