
30 de março de 2016 | 10h00
Deixar um legado após a Olimpíada (como foi em Barcelona 1992) é um dos grandes desafios do Brasil. Fazer com que o dinheiro investido pelo governo, que sai diretamente do bolso do contribuinte, seja revertido em benefícios reais para a população e não apenas para os Jogos. Esse é um dos desafios do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A pasta, assim como muitas outras do Governo Federal, tem uma parcela de responsabilidades para o Rio 2016 e já discute o que deixará de positivo. Entre os investimentos feitos estão três boias meteoceanográficas, que estarão dispostas na Baía de Guanabara e na Praia de Copacabana durante os Jogos Rio 2016 e que deverão contribuir para pesquisas no clima do País.
O sistema irá auxiliar os organizadores dos Jogos e os atletas, em especial na vela, onde os ventos e as marés são determinantes para a competição. Outro beneficiado será na maratona aquática, onde a altura das ondas influencia diretamente o trabalho das equipes de apoio. Com duas das três boias já em funcionamento (até a Olimpíada, a expectativa é que se complete um ano, para que se apresentem modelos meteorológicos comparativos), o valor investido inicialmente foi de R$ 2,05 milhões. Mas esse dinheiro não será gasto apenas para garantir a realização das provas. Após o evento, o sistema deverá ser deslocado para o sul do País e passar a integrar o Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SimCosta).
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"Há um pedido da UFRJ para que as boias sejam deixadas na Baía de Guanabara, mas temos um compromisso na área de pesquisa marinha para que elas sejam destinadas mais para o sul do Brasil, para complementar um sistema que já existe hoje", explicou o ministro Celso Pansera, titular da pasta de Ciências, Tecnologia e Inovação. "De qualquer forma, as boias tem um destino certo: para um ou outro sistema, vão ajudar a ciência brasileira a continuar pesquisando", ressalva.
As boias geram dados em tempo real e medem parâmetros atmosféricos, como vento, umidade, irradiação e oceanográficos, como correntes, ondas, temperatura e salinidade de água. Funcionando por meio de energia solar, os equipamentos estão atualmente a cargo da Autoridade Pública Olímpica (APO) e da Marinha brasileira, mas a manutenção deverá ficar a cargo dos responsáveis pela pesquisa após os jogos. Até lá, o Ministério deverá desembolsar cerca de R$ 1,5 milhão, para a aquisição de peças sobressalentes. "A Olimpíada é para o governo uma ação prioritária como um todo, com diversos ministérios envolvidos. Então, sempre tratamos isso com uma certa emergência, para que não tenhamos nenhum problema nos dias da Olimpíada", afirma Pansera.
SAÚDE
Outra pasta que planeja deixar um legado fora do esporte é o Ministério da Saúde. Além dos investimentos para aumentar o número de ambulâncias e médicos disponíveis durante o período dos jogos, deverá utilizar o aplicativo "Guardiões da Saúde" (feito em parceria com a ONG norte-americana Skoll Global Threats Fund e que já teve uma experiência de uso bem sucedida na Copa do Mundo) como ferramente para identificar e bloquear a proliferação de doenças, em especial do zika vírus.
O aplicativo funciona de modo que o usuário pode informar os sintomas que está sentido e o sistema dá a indicação do que deve ser feito. No caso da doença transmitida pelo Aedes aegypti, o "Guardiões da Saúde" pedirá para o paciente se dirigir ao posto de saúde (utilizando a geolocalização do dispositivo móvel para indicar o mais próximo). Já disponível para os sistemas Android e iOS, ele deverá ganhar em maio um módulo temático relacionado a Olimpíada.
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