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Mundial já começa na Justiça

Três equipes apelam ao Tribunal da FIA e o resultado do GP da Austrália, no domingo, só será validado depois

Por Livio Oricchio e MELBOURNE
Atualização:

Independentemente de quem estabelecer a pole position, na madrugada deste sábado, às 3 horas de Brasília, no circuito Albert Park, em Melbourne, ou conquistar a vitória no GP da Austrália, no domingo, o resultado da etapa de abertura do Mundial já está sub judice, para a decepção de milhões de fãs da Fórmula 1. Ontem, Ferrari, Renault e Red Bull apelaram da decisão dos três comissários desportivos da prova, que consideraram "legais" os carros da Brawn, Toyota e Williams. O regulamento mudou radicalmente do ano passado para este e regras, por exemplo, como a da parte final do assoalho, chamado de perfil extrator, foram alteradas com o objetivo de o carro passar a gerar 50% a menos de pressão aerodinâmica. Quem observa por trás os carros da Ferrari, McLaren, BMW, Renault, Toro Rosso, Red Bull e Force India vê o perfil extrator, abaixo do aerofólio traseiro, como uma superfície linear continua, de lado a lado. Já os modelos da Brawn, Toyota e Williams apresentam uma significativa elevação, definindo um pequeno túnel, ou a letra U na posição inversa. "Por causa dessa solução, contra o espírito do regulamento que visa a reduzir a pressão aerodinâmica, a Brawn ganha um segundo por volta", disse Adrian Newey, projetista da Red Bull. Charlie Whiting, delegado de segurança da FIA e diretor de prova, comentou: "A minha visão é a mesma da dos comissários desportivos. A questão é de interpretação. Tanto o perfil extrator das sete escuderias quanto o da Brawn, Toyota e Williams são legais." Sua posição é no mínimo estranha já que o perfil extrator de um e outro grupo é muito distinto. "Os carros são concebidos para o assoalho e o perfil extrator e não ao contrário", disse Flavio Briatore, da Renault. "Por isso apenas substituir a parte final do nosso carro, fazendo-o semelhante ao da Brawn, Williams e Toyota, não significará, necessariamente, que teremos a mesma vantagem." Rubens Barrichello, da Brawn, comentou o apelo do concorrentes: "Historicamente é assim, carro rápido, em especial de time pequeno, como o nosso, está sempre sob suspeita de irregularidades", disse. "O Tribunal de Apelos da FIA vai julgar o caso antes do GP da China", informou, ontem, Whiting. Como antes da etapa de Xangai, dia 19, será disputado o GP da Malásia, dia 5, tudo o que acontecer na corrida de Sepang também vai depender da decisão do Tribunal para se saber se valeu ou não. "É incrível! Como se já não bastasse o desgaste das decisões insensatas da FIA nas últimas semanas agora temos de esperar para conhecer o vencedor das provas", falou Fernando Alonso, da Renault, campeão do mundo em 2005 e 2006. "Se tudo isso fosse decidido há três semanas, hoje estaríamos aqui apenas falando do que a torcida realmente gosta, que é corrida." Como muitas das decisões técnicas da F-1, sua orientação é política. Max Mosley, presidente da FIA, está sempre por trás. Agora, Brawn e Williams são equipes independentes, menores em tudo em relação às das montadoras, e vão contar com o apoio de Mosley, que não esconde não gostar da presença maciça das indústrias automobilísticas como donas de times. Mas e a Toyota? A montadora japonesa está decidindo se permanece ou deixa a F-1 e um bom desempenho, este ano, poderia encorajá-la a continuar.

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