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Muricy falha e não se iguala ao mestre

Ele queria chegar à marca de Telê Santana: 410 jogos à frente do time

Por Giuliander Carpes
Atualização:

Muricy Ramalho não conseguiu concretizar um sonho pessoal: se igualar no São Paulo ao treinador que lhe ajudou a dar o pontapé inicial na carreira, Telê Santana. O técnico bicampeão mundial comandou a equipe em 410 partidas, enquanto Muricy esteve à frente do time em 360 jogos, nas suas passagens pelo clube. Vicente Feola é o maior recordista com 524 jogos, seguido do argentino José Poy, com 421. O treinador que caiu ontem foi auxiliar do finado comandante em 1994 e 1995. No seu primeiro ano na direção da equipe, levou o time reserva ao título da extinta Copa Conmebol, enquanto Telê estava à frente dos titulares na disputa da Taça Libertadores. Depois, comandou a equipe quando Telê saiu, em 1996. Ficou menos de um ano. Muricy então resolveu ganhar experiência em outras equipes. Conquistou títulos na China, em Pernambuco e grande visibilidade nacional ao treinar o Internacional entre os anos de 2003 e 2005, onde perdeu o título nacional para o Corinthians em sua última temporada por terras gaúchas. O desgaste com dirigentes, jogadores e imprensa do Sul do País e a vontade de voltar a comandar o São Paulo, seu time do coração e pelo qual foi campeão Paulista (1975) e Brasileiro (1977) como jogador, pesaram no seu retorno ao time do Morumbi no dia 2 de janeiro de 2006. A derrota na final da Taça Libertadores para o seu antigo clube naquele ano foi o primeiro momento de turbulência vivido nesta segunda passagem pelo São Paulo. Muricy saiu ileso e conquistou um grande aliado, o presidente Juvenal Juvêncio. O título brasileiro ao final daquela temporada deu a primeira alegria ao treinador na nova fase e o credenciou a comandar a equipe novamente na competição continental do ano seguinte. Em 2007 havia outro time gaúcho no caminho do treinador. O São Paulo parou no Grêmio logo nas oitavas de final e os diretores que haviam pedido sua saída no ano anterior voltaram a forçar sua demissão. Juvenal bancou o técnico outra vez e o clube ganhou mais um título brasileiro. No ano passado, a história se repetiu. Derrota para o Fluminense nas quartas de final da Libertadores, pressão de dirigentes, mas a manutenção do técnico pelo presidente. Juvenal bancou sua permanência outra vez e não se arrependeu, pois o inédito tricampeonato brasileiro consecutivo veio no fim da temporada. Mas 2009 era sua última chance de ganhar a Libertadores pelo São Paulo. Ficou pelo caminho mais uma vez e a pressão de parte da direção foi forte demais. "O time tinha tudo para vencer a Libertadores neste ano", afirma o diretor de futebol João Paulo Jesus Lopes. "Fizemos grandes contratações, mas não estávamos obtendo os resultados que devíamos. Era o momento de proceder a uma mudança, um choque, para voltarmos a ter os resultados que ambicionamos. A saída do Muricy foi a melhor solução possível." O treinador deixa o clube com um alto aproveitamento de 67,12% e o reconhecimento de grande parte da torcida, que gritou seu nome depois da derrota para o Cruzeiro, quinta-feira. "Reconhecemos no Muricy um ótimo profissional. Sem dúvida a relação foi de respeito. Mas precisávamos de uma reformulação", falou Jesus Lopes.

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