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Muricy, sem modéstia: 300 jogos e ambição em dia

Técnico são-paulino é exemplo de que vale a pena apostar no longo prazo

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Por Giuliander Carpes
Atualização:

Muricy Ramalho é o melhor exemplo de que um planejamento a longo prazo e a aposta nos profissionais adequados levam ao sucesso. No futebol brasileiro, nenhum treinador está há mais tempo no cargo do que ele - dois anos e sete meses. "Isso mostra que o trabalho é bem feito. Em todo o lugar em que vou é assim", afirma, sem modéstia. Contra a Portuguesa, às 18h20, no Morumbi, completará 300 jogos no comando do São Paulo. A história como técnico do Tricolor começou em 1994 - antes, entre 1973 e 78, atuou no meio-de-campo do time em 177 jogos e marcou 26 gols. Encerrou a carreira de jogador no Puebla, do México, clube que passou a treinar em 1993. No ano seguinte, em busca de experiência, foi ser auxiliar do lendário Telê Santana, que recém havia levado os são-paulinos ao bicampeonato mundial. "O Telê representa muito pra mim. Até peguei dele algumas manias", brinca, sem dizer quais para não entregar o ouro. Muricy guarda com muito carinho aquela passagem pelo clube. Era um auxiliar que virava treinador quando Telê estava de férias ou afastado por problemas de saúde. Assim levou a equipe ao título da Copa Conmebol (hoje Copa Sul-Americana) de 1994, quando venceu o Peñarol, do Uruguai, por 6 a 1, no Morumbi. "Aquilo foi simplesmente um show", lembra. "Nunca vou conseguir me esquecer." Naquela equipe, surgiram jogadores como Caio, Catê e Denilson. "Eram meninos e se tornaram grandes nomes do futebol", elogia. Um destes "craques" era Rogério Ceni, atual capitão do time. Com a ajuda do goleiro, espera conseguir a classificação para uma competição que ainda não conquistou, mas o jogador sim: a Taça Libertadores da América. "Ela já nos escapou duas vezes", lamenta. "Este é o foco. Não vou desistir." Para chegar lá, o primeiro passo é chegar entre os quatro primeiros no Brasileiro. Não é difícil acreditar que consiga.É o treinador que mais somou pontos no campeonato desde 2003, quando entrou em vigor a fórmula dos pontos corridos. Mas a tarefa passa, obrigatoriamente, por uma vitória contra a Portuguesa. "Precisamos vencer. O ideal é não perdermos nenhum ponto no Morumbi", sustenta. SEM RIVALIDADE O treinador não vê dificuldade maior no jogo por se tratar de um clássico. Aliás, sequer vê rivalidade entre as duas equipes. "Não existe isso. A Portuguesa é um grande time de São Paulo, mas não existe uma história de rivalidade. É uma partida como as outras, uma partida muito difícil." A maior dor de cabeça do comandante são-paulino está exatamente no seu setor preferido. "A nossa defesa é o que de melhor tivemos nestes 300 jogos", destaca. Porém, sem Miranda, Alex Silva e Hernanes, a segurança defensiva acabou. No jogo contra o Internacional (derrota por 2 a 0), na quarta-feira, o zagueiro Juninho falhou de forma bisonha ao dominar a bola em lance que resultou no primeiro gol. Sem falar no perigo que os colorados levaram nos contra-ataques. "São coisas que temos que corrigir logo", reconhece André Dias, o único titular à disposição. Por isso, a dúvida: dois ou três zagueiros? "Sem tempo para treinar, esta será uma surpresa para a hora do jogo", despista Muricy. A tendência é a escalação do garoto Jean como volante e de Zé Luís atrás.

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