Publicidade

Na Europa, palcos viram um espaço de diversão

Outra fonte de recursos é ceder o nome a empresas

PUBLICIDADE

Por Jamil Chade e ZURIQUE
Atualização:

Hotéis, bares, boliches, discotecas e até cinemas. Esses são os novos estádios que a Europa constrói para a próxima década. O futebol, porém, segue no centro das atenções. Para garantir o maior lucro possível, a escolha de muitos clubes e cidades foi a de transformar estádios em verdadeiros locais de entretenimento, com amplo conforto a preços acessíveis. A recomendação é da própria Uefa, que evita a todo custo a construção de "elefantes brancos". A ideia é simples: um estádio não recebe mais de dois jogos a cada semana. Na melhor das hipóteses, a renda será destinada aos custos do jogo, o prêmio dos jogadores e parte dos gastos de manutenção. Mas nem de longe é suficiente para arcar com dívidas dos clubes ou promover reformas. Nos estádios usados para a Eurocopa de 2008, na Suíça e Áustria, os administradores descobriram que o futebol é o que menos rende. Hoje, em Genebra e Berna, as arenas sobrevivem graças ao centro comercial e ao hotel cinco estrelas. Em Genebra, por exemplo, o time local está prestes a cair para a 3ª divisão do Campeonato Suíço. A renda não seria suficiente para pagar a eletricidade no dia do jogo ou os funcionários. Curiosamente, ninguém na administração reclama: o estádio, ou melhor, o complexo de entretenimento, continua lucrativo. A Eurocopa ainda relevou uma outra dimensão. Enquanto alguns poucos sortudos conseguem ingressos para os jogos, uma multidão fica fora e pode desfrutar de bares, restaurantes e inúmeras outras alternativas. Claro, todas pagas. Um estudo feito pelos organizadores da Eurocopa de 2008 mostrou que apenas 40% do lucro do torneio veio do campo. Outra estratégia que ganha força é a de dar novos nomes aos estádios. Mercedes Benz, Emirates ou Continental passaram a substituir nomes tradicionais. Em troca, as empresas pagam milhões. Para os torcedores, tirar o nome dos tradicionais templos é sinônimo de aniquilar a alma do clube. Mas os cartolas avisam: se os torcedores querem conforto, tecnologias, novos craques e ingressos a preço razoável, a renda tem de entrar por outro lado. O estádio do Stuttgart, por exemplo, será conhecido como Mercedes Benz Arena. Para que o estádio recebesse o novo nome, a Mercedes aceitou pagar 23 milhões (R$ 64 milhões) por ano. O estádio de Leverkusen ganhou o nome de BayArena e o Hamburgo passou a ser AOL Arena. Segundo a consultoria alemã Stadionwelt-Business, metade dos clubes da Bundesliga joga em estádios com nomes comerciais. A Alianz, empresa de seguros, pagará 60 milhões (R$ 167 milhões) em dez anos para ter seu nome no estádio de Munique. Para o Instituto de Ciências do Esporte, na Alemanha, ainda há de fato resistência do torcedor. Mas, segundo a avaliação da entidade, o clube que quiser sobreviver de forma competitiva, disputar títulos e atrair competições internacionais, terá de transformar seu estádio em "parques de atrações".

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.