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'Não acho que iremos ver outro Michael Phelps', diz técnico do nadador

Treinador do maior atleta olímpico da história vem ao Brasil para falar de sua carreira e de seu trabalho na natação no Arizona

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Por Paulo Favero
Atualização:

O técnico Bob Bowman, que fez história com o nadador Michael Phelps, será a grande estrela da 1ª edição do Congresso Olímpico Brasileiro, organizado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que será realizado no WTC, em São Paulo no dia 13 de abril. Ele vem ao Brasil para falar de sua carreira e contará como está o trabalho na Universidade do Estado do Arizona. Mentor do maior atleta olímpico da história, Bowman disse ao Estado que não se verá outro nadador como aquele. "Honestamente, eu não acho que nós iremos ver outro Michael Phelps em nossas vidas", disse. Aos 53 anos, ele também garantiu que estará nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Confira a entrevista exclusiva.

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Como tem sido seu trabalho no Arizona?

Meus treinamentos na Universidade do Estado do Arizona têm sido um novo capítulo muito satisfatório e instigante na minha vida. Nós temos alguns bons e talentosos jovens atletas aqui que me estimulam a ter mais uma razão de ser treinador. Nós também temos duas campeãs olímpicas treinando aqui para os Jogos de Tóquio: Cierra Runge e Allison Schimitt.

Bob Bowman trabalhou 20 anos com Phelps. Foto: Mike Lewis

Como se lapida um campeão na natação? Existe algum segredo?

Durante todos os anos da minha carreira de treinador, percebi que o único segredo para o sucesso na natação é trabalho duro e perseverança. Existem diversos fatores que estão envolvidos no desenvolvimento de um atleta de alto rendimento, o qual contribui para o crescimento de um atleta altamente condicionado que está preparado a performar em ambiente de grande desafio. Técnica é primordial. Eficiência é a característica chave dos medalhistas. Aí passamos para a resistência, força, potência e preparação neuromuscular. Finalmente têm os componentes psicológicos e emocionais. Cada atleta deve ter uma forte equipe de suporte em cada uma dessas áreas. O elemento chave para o sucesso é colocar a quantidade correta de tempo e esforço durante um longo período de tempo.

Obviamente você sempre será lembrado pela parceria com Michael Phelps. Isso é motivo de orgulho?

Eu tenho muito orgulho do meu relacionamento com o Michael. Nós trabalhamos juntos por 20 anos e dividimos muitas memórias incríveis juntos. Michael cresceu de um jovem menino na Olimpíada de Sydney para um competidor maduro e totalmente atualizado na Rio-2016, onde sua esposa e seu filho Boomer estavam na plateia vendo ele ganhar o ouro. O processo de desenvolvimento do Michael é o mesmo que eu uso para outros nadadores. Mas ele tinha um talento único de levar tudo em que ele praticava ao nível mais alto.

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Após tanto tempo de glórias com Phelps, o que te motiva para seguir adiante sem ele?

Ser um treinador é ensinar. E eu amo ajudar jovens a atingir seus objetivos. Eu também fico muito feliz em estar em uma universidade que compete no nível da National Collegiate Athletic Association (NCAA). É um ambiente muito diferente das competições internacionais e isso me força a ser um treinador melhor e aprender novas habilidades para alcançar objetivos nestas competições.

Phelps foi um ídolo mundial nas últimas edições olímpicas. Quem você considera que pode ocupar esse trono deixado por ele?

Existem alguns nadadores dominantes no cenário mundial hoje que podem assumir o que o Michael deixou. Caeleb Dressel é um talento promissor em várias provas. E, claro, Katie Ledecky, a melhor nadadora feminina no mundo. Eu também acho que o britânico Adam Peaty está levando o nado de peito a níveis inimagináveis e Chase Kalisz, que é como se fosse o irmão mais novo do Michael e foi desenvolvido no nosso programa de medley. Ele é um nadador dominante neste estilo atualmente.

Você pretende estar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020?

Pretendo estar em Tóquio treinando nadadores com oportunidade de ganhar medalhas.

Mais uma vez você virá ao Brasil, agora para participar do Congresso Olímpico Brasileiro. Quais lembranças você guarda daqui?

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Tenho ótimas memórias do Brasil. As pessoas são muito gentis. Dão valor à cultura, à natureza e têm um forte espírito competitivo. Eu sempre fico empolgado para voltar a uma nação tão diversa e vibrante.

Você dá palestras, é técnico de natação, escreveu livro... Quais projetos gostaria de fazer que ainda não fez?

No momento eu espero continuar a aprender e crescer como um treinador e continuar dividindo as lições que aprendi no decorrer dos anos para ajudar pessoas em todos os segmentos da vida a achar excelência em suas profissões e interesses.

O que você aprendeu com todo sucesso que teve nas piscinas?

Aprendi que sucesso é um método. Existem alguns princípios indiscutíveis que devem ser aprendidos e praticados para atingir a alta performance. O mais importante deles é a parte mental e psicológica. Deve-se aprender a atingir objetivos, desenvolver um plano e daí trabalhar duro diariamente para realizar esses objetivos.

É possível aparecer um outro "Michael Phelps"? Ou alguém melhor que ele?

Honestamente, eu não acho que nós iremos ver outro Michael Phelps em nossas vidas. No entanto, terão muitos atletas inspiradores e dominantes que irão desafiar os limites da performance humana. Minha esperança é que eles sejam originais e verdadeiros com seus próprios objetivos e personalidades. Essa é a verdadeira alegria do esporte.

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