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Não basta pilotar, é preciso ter muito preparo físico

Competidores terão de superar ar rarefeito e desidratação durante a prova

Por Valeria Zukeran
Atualização:

No Rali Dacar, o preparo físico dos pilotos é tão importante quanto o combustível nos veículos. O calor intenso e os percursos longos e acidentados da corrida exigem o máximo da concentração dos competidores, que precisam estar bem fisicamente para suportar o desgaste: se o corpo não agüenta o esforço, o risco de acidentes aumenta e podem ser fatais, especialmente entre os concorrentes da categoria motos. O piloto de caminhão André Azevedo, da equipe Petrobrás/Lubrax, ressalta que não dá para relaxar na preparação física para o Dacar. "Os ombros e o pescoço sofrem por causa das chacoalhadas (no terreno irregular), assim como a região lombar e o abdome", ressalta, lembrando que algumas das etapas terão percurso de 800 quilômetros em um dia. A parte aeróbica, segundo ele, também não pode ser negligenciada. "Na largada, por exemplo, a média de batimentos cardíacos é de 140 por minuto, com picos de 170." Zé Hélio Rodrigues Filho, da equipe Honda Brasil, diz que tem se preparando como nunca para a estréia no rali pilotando uma moto. "Estou treinando dobrado." Reinaldo Varela, da Rally Brasil, não se limitou somente aos exercícios. "Fiz um preparo físico bom, com musculação e trabalho aeróbico, mas também me preocupei em maneirar na alimentação." Já Paulo Pichini, da equipe da Offtech Rally Team, procurou uma nutricionista. "Quero recuperar a perda de líquido sem exagerar. Só falta ter de parar no meio da corrida para fazer xixi." Irmão e companheiro de equipe de André, Jean Azevedo conhece a necessidade de uma boa preparação física. Este ano, fará estréia na categoria carros mas disputou o Dacar sobre motos por mais de uma década. "Na moto, você trabalha mais a condição aeróbica e de força do que nos carros. Em compensação, o carro pode ser mais quente e você pode perder mais líquido." Para a corrida, que começa dia 3 e pela primeira vez será disputada na América do Sul, a preparação mudou. "Diminuí a musculação e aperfeiçoei a preparação aeróbica, correndo e nadando." O rali trará dificuldades extras para os concorrentes. Uma delas será a altitude de até 4 mil metros. O Dacar prevê a travessia da Cordilheira dos Andes, onde o organismo sofre as conseqüências do ar rarefeito. Marcelo Vívolo, da equipe Mitsubishi Brasil teve dificuldades nos Andes. "Fiz um treino físico, sem o carro, e senti um pouco as conseqüências da altitude. Tive dor de cabeça." Mas, sem dúvida, um dos adversários mais temidos do Dacar 2009 será o calor (em 2008 não houve corrida por causa de ameaça terrorista no Senegal). Até 2007, o evento sempre foi disputado em janeiro, inverno no norte da África. A passagem pelo Deserto do Saara era marcada por dias quentes mesclados com noites frias. O mesmo não deve acontecer agora. Como janeiro é verão na Argentina e no Chile, os competidores atravessarão o Deserto do Atacama durante alguns dos dias mais quentes do ano na região. A temperatura - que dentro dos carros pode chegar a 60°C - deve cair durante a noite, mas menos do que no Saara. Segundo André Azevedo, os organizadores do rali sabem que os pilotos perderão muito líquido. "Sob efeito da desidratação um piloto perde rendimento, a concentração não é a mesma e os riscos de acidentes aumentam."

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