''Não há o que comemorar''

Ricardo Prado, campeão em 1982, diz que demorou para surgir sucessor

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Por Redação
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Ricardo Prado mostrou o caminho há quase três décadas. Sem patrocínio, o brasileiro usou dinheiro do próprio bolso, treinou com os melhores nos Estados Unidos e, em 1982, conquistou a medalha de ouro nos 400 m medley do Mundial de Guayaquil, no Equador. Ainda cravou o recorde mundial da época: 4min19s78. "Naquele ano inteiro eu tinha sido o número 2 e queria ser o número 1", lembrou, em entrevista à ESPN. "Tinha o objetivo de nadar abaixo de 4min20 e classifiquei com o melhor tempo. Daí tive de ir. Só com minha touca e óculos." Depois de 27 anos, César Cielo repetiu a dose, em Roma, desta vez nos 100 m livre. O pioneiro Prado acha que o País não soube aproveitar seus feitos para desenvolver o esporte e levou muito tempo para revelar um novo campeão do mundo. "Demorou demais", afirmou o ex-nadador, hoje com 44 anos. "Temos patrocínio estatal (a CBDA recebe verba dos Correios) há 16 anos. Gasta-se muito dinheiro em natação e o Brasil leva só três ou quatro nadadores para competir. Não há o que comemorar." Os tempos mudaram e a natação hoje é um esporte completamente diferente daquele da década de 1980 - Ricardo Prado ainda ganhou uma medalha de prata na mesma prova nos Jogos de Los Angeles, em 84. "Até as viradas e o jeito de nadar mudaram", contou o campeão mundial. "Fiz o último recorde mundial do Brasil em piscina longa, que é o que importa." Hoje muitas marcas são atribuídas aos polêmicos maiôs, que melhoram a flutuação. Equipamento que Ricardo Prado não tinha acesso. E que Thiago Pereira teve e não aproveitou nos 200 m medley, segundo o ex-nadador. "Ele não aprendeu a nadar a prova ainda. Faz ótimos 150 metros, mas não sabe nadar crawl. Eu o respeito, mas desperdiçou uma enorme chance, mais uma", criticou.

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