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Não vale o risco

Por Eduardo Maluf
Atualização:

O Paulistão começa amanhã com um desafio novo para os clubes grandes. Apesar da tradição da disputa, Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo perceberam que a competição se tornou de alto risco e, cada vez mais, têm de saber administrá-la para evitar prejuízo em outros campeonatos bem maiores, mais importantes e mais rentáveis.Não é necessário voltar a dizer que o torneio perdeu força já há vários anos, o regulamento mata qualquer possibilidade de emoção na primeira fase e o público não se empolga. Os dirigentes exigiam, até pouco tempo atrás, a briga pelo título. Hoje sentem que não vale a pena expor os principais nomes em busca de uma conquista menor que pode interferir em objetivos ousados.Um divisor de águas, creio, é o Paulistão do ano passado. Muitos corintianos lamentaram a queda do Alvinegro nas quartas de final, contra a Ponte Preta. Assim que terminou a partida, lembro-me de ter lido no Blog do Juca Kfouri o seguinte comentário: "A derrota vai favorecer o Corinthians na Libertadores". Não foram poucas as críticas dos internautas. Eles alegavam que sua opinião era de "torcedor com dor de cotovelo".Juca estava certo. Nada melhor do que ter caído precocemente no Estadual. Tite pôde desviar 100% da atenção para a Libertadores, sem o obstáculo do Paulista, sem precisar jogar mais uma partida na semifinal e, possivelmente, duas na final. Evitou, assim, o clássico com o Santos, que provocaria considerável desgaste ao elenco. O clube terminou 2012 como campeão continental e mundial.Por outro lado, se perguntarmos ao santista como definir a temporada passada, a resposta será quase unânime: decepcionante, fraca, pífia. O descontentamento com a derrota na semifinal da Libertadores e a fracassada campanha no Brasileiro foi muito maior do que a alegria com o título estadual.Os atletas do Santos festejaram demais o triunfo no Paulistão e demoraram para retomar o foco. A equipe passou por pouco pelo Vélez nas quartas de final - jogando mal - e, depois, perdeu do Corinthians na disputa continental. O futebol caiu e o condicionamento físico parecia afetado. É verdade que, em 2011, ganhou as duas competições, mas o risco de valorizar excessivamente o Estadual não compensa.Os clubes precisam levar a sério a proposta de usá-lo exclusivamente como oportunidade para treinamento, entrosamento dos jogadores, teste de esquemas táticos e preparação física. Se o título surgir, ótimo. Desde que não prejudique os outros compromissos.Fora da Libertadores, o Santos desponta novamente como favorito. Corinthians e São Paulo também têm boas possibilidades de chegar à decisão se não desprezarem totalmente o Paulista. E o Palmeiras é o que entra mais pressionado, com a obrigação de melhorar a imagem arranhada em 2012. O palmeirense, porém, não tem motivos para esperar um 2013 diferente, porque até agora sua diretoria não saiu da inércia.

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