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Nem com ajuda do juiz

Análise

Por Daniel Piza
Atualização:

O futebol apresentado pela seleção contra a Bolívia ontem, num semivazio Engenhão, confirmou a suspeita de que a vitória do domingo foi causada pelos brios feridos dos brasileiros e pelos espaços deixados pelos chilenos, não exatamente pela solução das questões que o time de Dunga vem arrastando há tempos. Quando quase todo mundo esperava goleada, com eventual show de nomes como Robinho ou Ronaldinho, a equipe se viu presa na marcação boliviana, sem entrosamento e criatividade para superá-la. E nem mesmo a ajuda do juiz foi suficiente. No primeiro tempo, o lanterna das Eliminatórias chutou muito mais a gol do que o Brasil, ainda que sem levar grande perigo à meta de Júlio César. Lucas e Josué não assumiam a tarefa de fazer a saída de bola; os laterais não tinham espaço; Diego e Ronaldinho - mais uma vez apagado, limitado na esquerda a dominar a bola e lançar para a direita - eram marcados com sobra. Tabelas e dribles não apareciam, mas a culpa não era apenas do número alto de faltas cometidas pela Bolívia; os brasileiros erravam muitos passes e lançamentos. Dunga não mexeu no intervalo. Aos oito minutos, porém, o juiz erradamente expulsou um jogador boliviano, por falta em Robinho que merecia apenas o amarelo. E aí o vexame aumentou: com um a mais, a seleção foi incapaz de acertar o gol. Chutava pouco e perdia a maioria dos duelos individuais. Luís Fabiano só trombava, sem refinamento técnico. O único que arriscava era Juan pela esquerda, falhando na hora de cruzar. Júlio Baptista, Nilmar e Elano entraram, Dunga foi chamado de burro e não houve mais que ligeira pressão. As dúvidas sobre o elenco - ainda indefinido na maioria das posições - seguem firmes, e também a necessidade de um técnico que saiba o que quer. Não foi a Bolívia que tirou o gás do Brasil; foi o Brasil que não mostrou estrutura e energia para resolver seus problemas.

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