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Nem Neymar, nem Ronaldo. Dentinho!

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Por Paulo Calçade
Atualização:

Nem Neymar nem Ronaldo. As principais estrelas do clássico não apareceram, não brilharam. Não foi um jogo sustentado por lances geniais. O caminho para a vitória corintiana começou a ser mostrado na quarta-feira, pelo modesto Rio Branco do Acre, oitavo colocado da Série C no ano passado. Mesmo contra uma equipe de minúsculo potencial técnico, o Santos apresentou deficiência de marcação no setor direito, principalmente no espaço do lateral Luizinho. E foi justamente por ali que o Corinthians construiu a vitória, aos 15 minutos do primeiro tempo, quando Dentinho definiu de cabeça uma bela jogada construída por André Santos e Douglas. A diferença entre os times estava no meio-de-campo.Vagner Mancini conhecia muito bem o risco de suas apostas. Para uma equipe funcionar com três atacantes é necessário que os lados do campo sejam preenchidos. O futebol é também uma intensa batalha pela conquista de espaços. Roni e Neymar não retornavam para inchar um setor onde o adversário sobrava. Havia em campo dois Santos em permanente conflito: o dos atacantes, à espera da bola no pé, e o da turma responsável pela marcação, onde a conta não batia. Presente para André Santos, Douglas e Dentinho, que jogaram com toda a liberdade pelo lado esquerdo. Faltava um jogador na desordem do meio-de-campo. Não esqueci de Lúcio Flávio, que pode ser meia ou segundo volante, encaixando-se onde o time precisar, dependendo da leitura que fizer do jogo. O camisa dez de Mancini não tinha confiança para avançar e abastecer os atacantes, não havia um meia responsável pela faixa central do campo. Germano e Rodrigo Souto, os volantes de plantão, precisavam de ajuda. E, como você já sabe, o pessoal da frente só esticava a cabeça para ver o que acontecia com a turma do fundão. Foi assim durante quase todo o primeiro tempo. Os melhores momentos do Santos surgiram quando o Corinthians resolveu oferecer-lhe a posse de bola, abusando de passes errados e recuando para contra-ataques sonolentos. Não saiu disso, mesmo quando a situação se repetiu na segunda etapa. Substituído por Madson, Neymar experimentou sua primeira decepção como profissional. No lado oposto, também não foi dia de Ronaldo. Mesmo sem grandes momentos do Fenômeno, o Corinthians mostrou detalhes muito positivos. Não esperou que seu jogador mais badalado decidisse a partida, jogou com ele e não apenas para ele. É preciso conhecer a dose certa dessa relação para que um não sinta a falta do outro. Não foi uma partida violenta, mas intensa. Christian, Elias e Douglas foram muito bem, seguidos de perto pelo garoto Boquita, que deixou Jorge Henrique no banco. Com mais um daqueles jogadores multifuncionais, o time de Mano Menezes ganhou consistência num setor onde o Santos era puro desequilíbrio técnico e tático. A determinação do time em campo foi outro ponto positivo do Corinthians no clássico. O grupo, que em muitos jogos encarava os adversários como se tivesse saído da final da Uefa Champions League, desta vez se voltou para suas origens e lembrou por onde andou em 2008. Fez toda a diferença. E assim caiu um tabu: desde 2001 o Santos não era batido no Campeonato Paulista, desde o polêmico gol de Ricardinho na semifinal.

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