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Nem tudo foi festa no show da NBA no Rio

Nenê recebeu vaias do público, que sofreu para chegar ao ginásio, e críticas contundentes de Oscar, aclamado como verdadeiro ídolo

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Por Leonardo Maia
Atualização:

RIO - A noite era de festa, mas nem tudo foi motivo para comemoração no primeiro jogo de pré-temporada da NBA no Brasil. Dentro de quadra, Chicago Bulls e Washington Wizards deram o espetáculo esperado e receberam de volta do ótimo público na Arena HSBC, no Rio, carinho e admiração. A exceção foi Nenê, alvo do descontentamento das arquibancadas, e o caótico acesso ao local da partida, em Jacarepaguá, que tem pouquíssimas opções de transporte coletivo. Único brasileiro em quadra, Nenê dividiu os torcedores. Ao ser apresentado, uma sonora vaia crescia quando a maioria da arena tentou abafá-la com aplausos. A cada lance livre, a cena se repetia."Eu saí do Brasil sozinho, sem ninguém, e volto muito bem acompanhado, com um time, amigos e a NBA me apoiando. É isso que eu compartilho com os brasileiros", disse o pivô, na coletiva pós-jogo. O duelo, com vitória do Chicago por 83 a 81 -, precisou começar com cerca de metade do ginásio ocupado,resultado do terrível trânsito nas cercanias, agravado por obras na região para os Jogos Olímpicos. Houve relatos de pessoas que demoraram mais de duas horas da zona sul à Arena HSBC, que só ficou cheia ao fim do primeiro tempo, quando Nenê e os demais titulares das duas equipes descansavam no banco.Mas o repúdio de parte da plateia a Nenê foi realmente o momento de maior desconforto, que se avolumou quando o ex-jogador Oscar Schmidt entrou no ginásio, para uma ovação reverberante. Mais tarde, durante um pedido de tempo, Oscar tomou o meio da quadra e recebeu aplausos ainda mais contundentes. O maior cestinha da história do basquete se juntou ao público e partiu para a ofensiva a Nenê: "Eu o estou vaiando há muito tempo. O povo sempre sabe das coisas. Eles gostam é de seleção. Se você rejeita a seleção, não vem fazer discursinho de meu País isso, meu País aquilo", bufou Oscar, referindo-se à abertura do evento feita por Nenê, que falou de pátria e raízes."Eu não preciso me defender de nada. Não matei ninguém. Muitas pessoas me têm como exemplo. Em um momento como esse, uma conquista dessas, muitas pessoas são pobres de espírito, egoístas. Em vez de comemorarmos, estamos discutindo coisas pequenas, mesquinhas, negativas. Por isso o basquete do Brasil está do jeito que está", rebateu o jogador. Em quadra, o pivô dos Wizards teve boa atuação defensiva. O mesmo não se pode dizer da ofensiva. Ele jogou pouco, poupado, pois ainda se recupera de uma fascite plantar, uma fratura e uma lesão muscular. "Se os fãs querem vaiar Nenê, deviam vaiar a mim. Foi uma decisão minha. O corpo dele precisa de descanso. Rompeu o tendão do pé, estava desgastado. Pedi que descansasse durante a intertemporada", partiu em defesa de seu jogador o técnico dos Wizards, Randy Wittman. O público não pôde vibrar com dois dos maiores astros dos Bulls, que tinham forte apoio de grande número de fãs. O pivô Joakim Noah (virilha) e o armador Derrick Rose (joelho esquerdo, operado há 17 meses) foram poupados.Mas os demais atletas justificaram o alto preço dos ingressos pago por 13.635 pessoas. A partida foi disputada em ritmo intenso e com a seriedade de um jogo de temporada regular. O que não é surpresa, pois muitos reservas receberam a oportunidade de convencer seus treinadores de que merecem estar no elenco que vai iniciar a temporada, em 29 de outubro. Os Bulls abriram vantagem no início e conduziram o jogo com tranquilidade, mesmo com muitas alterações. O jovem time de Washington só foi reagir no fim, diante de um certo desleixo de Chicago. O placar foi gradativamente diminuindo no quarto final, até um final eletrizante. Uma tentativa frustrada de três pontos de Eric Maynor poderia ter virado o placar, mas o aro decretou o triunfo dos "Touros". Os cariocas e os que vieram de outros estados (30% dos torcedores era de fora de Rio e São Paulo) foram premiados com lances espetaculares. O saldo da noite foi positivo, mas se o Brasil quiser atrair mais jogos da NBA precisará aprimorar algumas questões estruturais.

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