''No Brasil, posso voltar à seleção''

Atacante Fred, insatisfeito com a reserva do Lyon, garante que defenderá um clube grande do País em 2009

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Por Fábio Hecico
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O telefone na casa da família Guedes, em Belo Horizonte, toca todos os dias. As chamadas vêm da França, onde o atacante Fred atua. O jogador, além de matar a saudade da família, garante ao pai, seu Juá, que defenderá um time de ponta no Brasil na próxima temporada. Na reserva do Lyon, ele definiu que, em 2009, atuará em território nacional para tentar convencer Dunga de que pode ser convocado para defender a seleção. "Quero usar 2009 para voltar à seleção. E jogando no Brasil a chance é maior", diz o camisa 9 do Lyon. "Em 2006 senti um gostinho rápido de como é jogar numa Copa. Em 2010 (na África do Sul) quero novamente ganhar uma vaga." No Mundial da Alemanha, Fred entrou no jogo diante da Austrália, aos 42 do segundo tempo e, dois minutos depois, marcou um gol, fechando a vitória por 2 a 0. Fred, que desembarca no País amanhã, fez um apelo ao presidente do Lyon, Jean-Michael Aulas, para liberá-lo do clube agora. Mas ouviu um não, sob justificativa de que é importante no grupo. Seu vínculo na França é até junho de 2009. Mas o detalhe é que o técnico Claude Puel o utiliza pouco, nos minutos finais dos jogos. "E, se não marco gols, fica difícil aparecer e voltar à seleção." Convites não faltam. São duas propostas de clubes grandes da Itália. Sedutoras, mas que não fazem a cabeça do atacante. A parte financeira não é a mais importante no momento, garante o jogador, de 25 anos. "Quero ficar perto da minha família, acompanhar o crescimento da minha filha (Geovanna, de 2 anos). Preciso de pelo menos um ano no País só para aliviar a saudade", observa. Também fala em abraçar calorosamente os irmãos Rodrigo, Karina, Maria Júlia e Maria Eduarda. Todos moram com o pai e a madrasta em Belo Horizonte. "Só os vejo pelo computador, estou com muitas saudades." Na França, o amigo de infância Rodrigo, conhecido como Barriga, é o único companheiro. Todos os dias seguem a mesma rotina de casa-treino-casa. Apesar da estabilidade financeira, nada de se aventurar pelas cidades francesas. Sair para jantar é o único passeio. Por isso, a vontade enorme de voltar para casa. O sonho é voltar a defender o clube do coração, o Cruzeiro, de onde saiu com números importantes, mas sem nenhum título. E como os mineiros vão disputar a Libertadores... Fred até fez contatos com o presidente do clube, Zezé Perrella, do Cruzeiro. Mas apenas conversas formais. As portas estão abertas para ele, ouviu do dirigente. "Mas jogando no Sul, Rio ou São Paulo, também estaria em evidência." São Paulo e Cruzeiro tentaram contratá-lo no início do ano, e Palmeiras e Santos fizeram sondagens recentemente. "Mas há outros clubes interessados", informa pessoa próxima. "Porém, deve ser liberado só em maio, quando o Lyon faz o último jogo no Francês." O atacante fez 43 gols em 93 jogos pelo Lyon (61 como titular), na conquista de três títulos nacionais. Mas garante, apesar de ser considerado "importante" pelo presidente, ter pouquíssima chance de ganhar a vaga do amigo Benzema, a quem está trazendo ao País para passar as férias. O atacante da seleção francesa é considerado o Ronaldo de seu país. A saída encontrada por ele, então, é disputar o Brasileiro, que começa no dia 3 de maio, mês ao qual estará "livre, com o passe na mão". E para quem tem dúvidas de sua capacidade, após 383 dias entre 2007 e 2008 lutando contra as contusões, ele manda o recado: carrega o recorde de gol mais rápido da história (3s17) e também é o maior goleador da história da Copa do Brasil, com 14 gols em 9 jogos.

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