BRNO, REPÚBLICA CHECAJá que não consegue mais mostrar seu lado rebelde nas comemorações - seu último título foi em 2009 e agora é apenas o quarto colocado do campeonato -, Valentino Rossi tem manifestado opiniões polêmicas nas entrevistas. Semana passada, o italiano heptacampeão mundial de MotoGP, colocou-se ao lado dos manifestantes londrinos, que causaram o caos na cidade-sede dos próximos Jogos Olímpicos. Agora, ameaça não disputar o Grande Prêmio do Japão, no dia 2 de outubro, por causa do risco de radiação."Eu realmente acho que não vou ao Japão. Eu estava esperando que os organizadores do campeonato tomassem a decisão certa (para ele, a corrida deveria ser cancelada), mas não foi o caso e agora teremos um sério problema", disse o motociclista à imprensa italiana.O GP do Japão estava marcado para 24 de abril, mas foi adiado por causa dos terremotos que causaram tsunamis e abalaram a estrutura da usina nuclear de Fukushima, no norte do país. Rossi gostaria que a corrida fosse realizada em Suzuka, no sul, porém os organizadores da prova decidiram mantê-la em Motegi, a cerca de 150 quilômetros do foco da radiação.A posição de Rossi é semelhante à do líder do campeonato e atual detentor do título mundial, Casey Stoner, e do seu principal rival, Jorge Lorenzo. Nenhum piloto acompanhou Rossi, no entanto, no apoio aos violentos manifestantes da Grã-Bretanha. Eles se rebelaram contra a morte de um civil pela polícia de Londres, mas muitos acabaram aproveitando a situação de insegurança para fazer saques em supermercados e lojas de conveniência, além de outros atos de vandalismo."Estou com os manifestantes", declarou Rossi ao jornal La Stampa. "A polícia deveria ajudar a resolver os problemas em vez de se meter a bater nas pessoas e matar jovens. Se existe essa confusão, talvez o motivo seja o próprio comportamento das forças de segurança." Rossi tem conhecimento de causa sobre as tensões sociais que ameaçam Londres porque morou na capital britânica por alguns anos.Como um italiano, também percebeu a truculência com que a polícia trata os imigrantes. Mas, depois, vendo a gravidade dos atos de vandalismo que começaram em Londres e se espalharam por todo o país, recuou um pouco em suas opiniões. "É errado usar a violência. O policial que disparou estava errado. Mas, então, se sucederam coisas que fazem pensar que vários se aproveitaram da situação para bagunçar e roubar lojas", ponderou.As posições polêmicas e até legitimadas por alguns de seus companheiros de categoria não ajudaram o italiano a voltar ao topo do pódio na MotoGP. Depois de terminar o Grande Prêmio da República Checa, anteontem, apenas na sexta colocação, Rossi também não marcou bons tempos no dia de treinos livres no mesmo circuito da prova, em Brno.