Habitualmente, nesta pista as equipes preferem carros com alta pressão aerodinâmica, o que significa uma combinação de forças laterais e verticais que leva à degradação térmica e mecânica dos pneus. Como precaução, a escolha da Pirelli já foi pelos dois modelos mais resistentes. O circuito de Sepang é um dos mais longos (5,543 km) do campeonato, e extremamente crítico para motor, freios e sistemas de refrigeração - que já têm sido um problema que os novos carros trouxeram para os engenheiros. O uso de dois sistemas de recuperação de energia provoca uma elevação na temperatura que sacrifica o motor. Ou, para usar a terminologia atual, em vez de simplesmente motor, fala-se agora em unidade motriz, que é composta de motor, turbo e os dois sistemas de recuperação de energia - o MGU-H (gerador de energia através dos gases do escapamento) e o MGH-K (através do calor das freadas).
Não estranhe se ouvir a gente falar na TV apenas E-R-S. É a forma encontrada de tornar tudo isso mais simples para o entendimento de quem só quer torcer pela sua equipe ou piloto favoritos. Ao mesmo tempo, não é certo dizer que a F-1 complicou as coisas com toda essa tecnologia. Ela apenas segue o caminho da FIA para tornar o automobilismo - e, consequentemente, o automóvel - menos vilão diante da mobilização mundial em defesa do meio ambiente. Até o ronco abafado do motor, bastante criticado, é parte disso. Não há como fugir dessa tendência. Em breve estará aí a Fórmula-E, com carros 100% elétricos. Aí, sim, cabe uma preocupação porque não há barulho algum. Quanto aos pneus, a Pirelli foi precavida ao extremo. Conhecendo as características do asfalto abrasivo, o calor e a umidade que exigem ainda mais dos pneus, os dois tipos escalados para este fim de semana são os mais duros dos quatro produzidos em 2014. E, mesmo assim, nas 49 voltas que deu nos treinos de ontem para fazer o melhor tempo, Nico Rosberg sentiu um desgaste de pneus maior que o do ano passado. E olha que os modelos atuais são todos mais duros que os anteriores. Vale a pena prestar atenção na corrida para se perceber que a sobra de borracha à margem da pista diminuiu muito. A temperatura é sempre muito alta pela proximidade da linha do Equador. E a chuva, bem, essa cai todos os dias. Ou vem às 4 ou às 5 da tarde, justamente o horário da corrida (largada às 16 horas na Malásia, 5 da madrugada no Brasil). Essas são chuvas que costumam durar pouco. Mas há também as que vêm pra ficar, e as inundações são constantes. Na previsão para todo o fim de semana, ontem era o dia de menos chance de chuva (60%), hoje a possibilidade cresce para 85% e no domingo, para 90%.
Então, vamos lá para a corrida mais quente do campeonato. Um duro teste para carros e pilotos, justo quando ainda nem deu para se tirar conclusões de quais serão os pilotos na luta pelo título. Fica claro apenas que Hamilton e Rosberg farão parte do grupo. O dinamarquês Magnussen será, com certeza, o estreante do ano, mas deve ir bem além disso. Button, pelo seu estilo, deve se dar bem numa temporada em que administrar a corrida é fundamental. A Williams vai crescer muito e Massa terá de usar toda sua experiência para andar na frente de Bottas. Alonso fará a Ferrari crescer. E, por último, aqueles que esperavam ver a Red Bull demorar muito para chegar na briga, como era o meu caso, atenção em Vettel já nesta corrida.