14 de setembro de 2012 | 10h12
Por sua tradição, ainda nos assustamos ao vê-lo lá embaixo na classificação do Campeonato Brasileiro, à frente apenas do Atlético-GO, depois de 24 rodadas. Mas, pelo que tem feito de um bom tempo para cá, a 19.ª colocação não parece tão longe da realidade. Surpreendente, mesmo, foi o título da Copa do Brasil, com um elenco que havia acabado de fazer papelão no Paulista e não demonstrava poder de reação.
Há uma década, o time caiu para a Série B. No ano passado, chegou a ser ameaçado pelo descenso, reagiu, mas não ficou nem entre os 10 melhores. Desde que o sistema de pontos corridos foi instituído no Brasileirão, em 2003, só ficou perto do título em 2009, quando liderou boa parte da competição. No fim, seu futebol despencou e a torcida não teve o consolo nem de vaga na Libertadores.
Enquanto o clube não repensar a política interna, o modelo de gestão e recolocar as finanças em ordem, continuaremos a ver seguidos insucessos e conquistas raras, como a da Copa do Brasil há 2 meses e a do Paulistão em 2008 - tudo o que o palmeirense festejou desde 2000.
O leitor José Antonio Braz Sola, fiel alviverde, resumiu num e-mail a agonia que boa parte dos torcedores deve estar sentindo. "O clube está quebradinho, não pode contratar craques e vai lutar apenas para fugir do rebaixamento, o que lamentavelmente tem sido nossa rotina nos últimos anos."
Desde o rompimento com a Parmalat, em 2000, o trem palmeirense saiu do trilho. Mustafá Contursi, então presidente, já sem os investimentos da multinacional italiana, adotou a política do "bom e barato". Manteve a saúde financeira da agremiação, mas viu a equipe sofrer forte abalo de qualidade e, consequentemente, ser rebaixada em 2002.
Mustafá deixou o poder, e vários outros tentaram recolocar o clube na linha. Abriram mão do "bom e barato" e começaram a fazer gastos excessivos, sem efeito positivo. Além de os resultados em campo não terem aparecido, os cofres ficaram vazios e as dívidas só aumentaram.
Os dirigentes perderam as estribeiras ao pagar salários astronômicos a nomes como Luxemburgo, Muricy e Felipão. E não foram capazes de dar um grupo de atletas de primeira linha a esses técnicos renomados. Os poucos jogadores badalados, como Valdivia, têm custado muito e produzido pouco. Manter Felipão no Palestra Itália, com o atual elenco palmeirense, não vale a pena.
Hoje o Palmeiras não tem dinheiro nem time. E precisará de sorte, como na final da Copa do Brasil, para escapar do rebaixamento.
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