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Novos tempos

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Por Paulo Calçade
Atualização:

Uma das características mais marcantes do trabalho de Felipão é a consistência de suas equipes. O futebol do Palmeiras ainda está muito longe do que poderá ser sob o comando do novo treinador, mas as mudanças já começam a aparecer.Quatro partidas ainda não foram suficientes para fazer surgir o gostinho tranquilizante da vitória, que com certeza vai chegar. Elas representam o ponto visível de uma transformação em curso. Com Scolari haverá um Palmeiras mais denso, mais compacto, capaz de reagir à pressão do adversário e de entender os vários momentos do jogo. Pode até ser dominado, mas sem se desesperar.Felipão vai fazer o time descobrir o tamanho de uma partida, a dimensão de um clássico dentro e fora do campo. O Corinthians dominou o início, marcou aos 21 minutos, fruto de um contra-ataque didático, no momento em que o Palmeiras procurava reagir à pressão.Com o time posicionado no campo ofensivo e a marcação na saída de bola, os corintianos experimentaram 20 minutos de ótimo futebol. Acima de Ralf e Jucilei, os volantes, havia um trio: Elias, Bruno César e Jorge Henrique.O defeito estava no setor de Iarley. Longe de se encaixar na equipe, não foi referência nem opção para o passe, embora tenha participação direta na jogada do gol marcado por Jorge Henrique, milimetricamente impedido.O segredo corintiano estava na movimentação de Elias a caminho do gol, carregando a marcação e abrindo um corredor para o apoio do lateral Alessandro, problema muito bem resolvido por Felipão. Scolari transferiu Márcio Araújo para o lado esquerdo do meio-campo.Assim impediu os avanços do lateral corintiano e colocou uma pedra no caminho de Elias, reduzindo o espaço para a saída de bola.A decisão tornou o Palmeiras mais organizado e, principalmente, mais confiante. Lincoln fez uma bela partida enquanto suas condições físicas permitiram, saiu da zona de atuação de Ralf e criou condições para a vitória.Mesmo com Kleber assumindo o papel que se espera dele, no confronto com os zagueiros ou caindo pelos lados e partindo para o mano a mano, o melhor do time foi sua evolução tática diante das dificuldades de um clássico, de um adversário teoricamente mais ajustado. Preste atenção também às entrevistas: a presença de Felipão tem mostrado vozes mais confiantes. No outro lado do clássico, a chegada de Adilson poderá fazer bem ao Corinthians. O time parte de um nível mais alto, mas ainda é cedo para definir onde o trabalho do novo treinador começa a aparecer. Por enquanto são apenas detalhes de posicionamento, além da motivação natural pela contratação de um novo comandante.Mas há uma questão fundamental para ser resolvida. Hoje Ronaldo é apenas um grande parceiro comercial do Corinthians. Falta um jogador para a posição, mal ocupada por Iarley e jamais conquistada por Souza.Foi um belo jogo, voltado para o ataque, inicialmente mais valorizado pelos novos inquilinos dos bancos de reservas do que pelo que poderia acontece dentro de campo. Futebol cruel A situação de Ricardo Gomes no São Paulo mostra como o futebol pode ser cruel. O trabalho do treinador é magnífico? É óbvio que não, mas a discussão acontece em torno de uma semifinal de Taça Libertadores da América e não do Campeonato Paulista.Fala-se de uma demissão tida como certa há semanas, abastecida por manchetes que o colocam diariamente no olho da rua. A informação parte de dentro para fora do clube, é desmentida e alimentada a cada resultado. A corda é realmente bamba. Depende do resultado da partida de quinta-feira. O futebol é assim. A crueldade está em como se lida com esses momentos.

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