Publicidade

''O campeonato foi decidido duas semanas atrás. Não tem como o Flu perder''

Técnico campeão com o Flu em 1984 acha impossível o título fugir hoje

PUBLICIDADE

Por Silvio Barsetti e RIO
Atualização:

Um espectador privilegiado e com história marcante no Fluminense vai se juntar à torcida tricolor no jogo de hoje, com o Guarani, no Engenhão. Carlos Alberto Parreira, duas vezes campeão brasileiro como técnico do Flu (em 1984 e em 1999, pela Terceira Divisão), está seguro de que o time alcançará o título. Envolvido com a organização do Footecon, fórum de futebol que vai ser realizado no Rio na terça e quarta-feira, ele até aposta num palpite para o jogo. "Acho que vai ser 3 a 0", disse, nesta entrevista ao Estado.Que recordações guarda da campanha do primeiro título do Brasileiro pelo Fluminense?A vitória sobre o Corinthians (2 a 0), no Morumbi, pela semifinal, foi especial e histórica. O Corinthians tinha acabado de eliminar o Flamengo com goleada por 4 a 1, e a euforia tomou conta do clube. Mas a exibição do Fluminense no Morumbi foi um primor. Vencemos um ótimo time que reunia Sócrates, Wladimir, Casagrande, o goleiro Carlos.O time atual do Fluminense seria mais técnico que o de 1984?Há equilíbrio e até pequena vantagem, nesse aspecto, para aquele grupo. Conseguir juntar Branco, Ricardo Gomes e Romerito foi uma proeza. Era uma equipe muito forte. Assis e Washington decidindo. Delei e Jandir na armação, com o Tato na esquerda. O Duílio na zaga esteve muito bem, Aldo na lateral-direita, Paulo Vitor no gol. Havia ali vários jogadores de seleção. O Flu, hoje, também tem um grupo de alta qualidade. Mas acho que a balança penderia um pouco para o time de 1984.A chegada do Romerito foi fundamental para a conquista do título?Ele veio no meio do campeonato e teve participação decisiva. Fez o gol do título, contra o Vasco (num dos jogos finais, o Flu venceu o rival por 1 a 0. No outro, houve empate sem gols). Um guerreiro, típico da escola paraguaia, um motorzinho em campo.A conquista da Série C, em 1999, pode ser considerada como um título menor para o clube?De jeito nenhum. Eu tenho o maior orgulho de ter levado o Fluminense àquela conquista. Faço questão sempre de destacar em meu currículo que sou campeão brasileiro duas vezes pelo Flu: em 1984 e 1999. Naquele ano, o clube não tinha dinheiro, faltava estrutura, vivia num caos. Estava no limbo, destruído. Quando cheguei, trouxe uma comissão técnica de peso, com Américo Faria, Moracy Santana, Jairo Leal, Lídio Toledo e iniciamos uma nova trajetória no Fluminense.De 0 a 100, qual o "risco" de o Fluminense não ser campeão hoje?É de 0, 0001%. Com todo respeito ao Guarani. O Fluminense está em paz, tranquilo, confiante.Mesmo se houver "mala branca"?Não tem como. O campeonato foi decidido duas semanas atrás, quando o Fluminense venceu o São Paulo e o Corinthians empatou com o Vitória.Arrisca um placar?Acho que vai ser 3 a 0.Uma provável "final" de Brasileiro no Rio, fora do Maracanã, perde em glamour?Em 1984, no segundo jogo decisivo com o Vasco, havia 130 mil pessoas no Maracanã. É realmente uma pena que a partida não seja disputada lá. O Fluminense levaria sem esforço 100 mil pessoas ao estádio. Sua torcida está em estado de graça. Mas o impedimento é por causa do Mundial de 2014, algo previsto.Quais os méritos do Muricy Ramalho na eventual conquista do título?Ele fez todas as coisas com simplicidade. Armou um time sem inventar. A sua experiência ajudou nas vezes em que o time perdeu a liderança, ninguém se desesperou com isso. Superou vários problemas de contusão de atletas. Hoje, o Fluminense é uma equipe soberana e tranquila.Conca foi o melhor do Brasileiro? É o melhor em atividade no País?Sem dúvida, o Conca é o craque do campeonato, atuando em todas as 38 partidas (contando com a de hoje) e foi decisivo em várias delas. Mas, no Brasil, o melhor, muito distante dos concorrentes, é o Neymar. O Lucas, do São Paulo, também merece elogios.Como tricolor, qual seu maior ídolo na história do Flu?É difícil. São vários. Castilho, Pinheiro, Didi, Telê Santana. Tem também Assis, Branco, Rivellino, o Carlos Alberto Torres, que começou lá, o Waldo, que marcou época no Fluminense.O modelo de relação do patrocinador com o clube lhe satisfaz?É um modelo atípico. O patrocinador investe muito e gosta de participar das decisões do futebol. Outros dão dinheiro e não se envolvem. Não tem uma receita pronta para o bolo. Depende das pessoas, do momento, da situação.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.