28 de outubro de 2010 | 00h00
Não é difícil deparar-me com alguém que pergunta o motivo desse meu (duvidoso!) gosto. Poderia discorrer diversas razões aqui, mas em linhas mais concisas digo que são nos gabinetes, restaurantes, escritórios e, claro, nas salas da presidência que o destino dos atletas, times, clubes e modalidades acaba definido. Se os protagonistas são pessoas do bem ou preparadas para exercer o cargo que ocupam, é outra discussão. Mas que ali estão informações preciosas não resta dúvida. E sabe como é, há um magnetismo natural entre os termos informação e jornalista.
Quer um exemplo atual da correlação entre esses dois universos, o bastidor e aquele mundo boleiro, que tanto encanta os apaixonados pelo futebol? Veja o caso do Palmeiras. O clube tem eleições marcadas para janeiro, mas é evidente que a movimentação política já está a mil por hora em cada canto do Palestra Itália. Enquanto os jogadores se esforçam para salvar a temporada com o título da Copa Sul-Americana, a cartolagem também trata de correr e se articular taticamente. Salvador Hugo Palaia, que ocupou a presidência quando Luiz Gonzaga Belluzzo se afastou para cuidar da saúde, já disse que vai concorrer. O próprio Belluzzo, recuperado, para muita gente pode surpreender e entrar na corrida por um segundo mandato.
Mas o dilema mais interessante no momento tem a oposição como protagonista. Após duas tentativas frustradas de eleger Roberto Frizzo, o grupo optou por fazer uma pesquisa informal entre conselheiros e associados para saber qual candidato teria mais chance de vitória. É bom que se diga que os candidatos não atuaram como pesquisadores, pois ficou constatado que, quando agem assim, muitos dos que respondem fazem jogo duplo, triplo, ou seja, prometem o voto para todos.
E o tal levantamento, pelo menos por enquanto, apontou que Arnaldo Tirone seria o melhor nome para a disputa. Em primeiro lugar, porque sempre se deu bem nas eleições para as vice-presidências. Em segundo, por ter a simpatia de pequenos grupos, como o liderado pelo ex-presidente Affonso Della Monica. É verdade que falamos de, aproximadamente, 20 votos. No entanto, em uma votação que pode ser marcada pelo equilíbrio, o apoio de pequenos nichos eleitorais será decisivo.
O problema em toda essa história é que Frizzo já lançou sua candidatura e desde o início do ano tem trabalhado na campanha. Portanto, para convencê-lo a abandoná-la para apoiar Tirone, o grupo de oposição precisa de um argumento extremamente forte, sedutor, praticamente um canto da sereia.
É nesse ponto que os passos dados por aqueles que usam sapato de cromo alemão passam a interferir diretamente na vida dos que calçam chuteiras ou um simples par de sandálias de dedo. A Frizzo deve ser oferecido o departamento de futebol. Em troca do sacrifício de abrir mão da candidatura, ele se tornaria o homem-forte do futebol palmeirense, com poderes para contratar comissão técnica, jogadores...
E aí, vale ou não vale a pena ficar de olho nos bastidores?
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