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O esporte e o divã

Por Eduardo Maluf
Atualização:

Os atletas, em sua maioria, resistiram durante bom tempo, mas nos últimos anos reconheceram a importância da psicologia no desempenho esportivo. A cabeça tem papel tão fundamental quanto os pés, as mãos, o corpo. O supercampeão Michael Schumacher brilhou na Fórmula 1 (uso o passado, porque hoje ele só cumpre tabela na categoria) por causa de seu talento e também pela autoconfiança, coragem e ousadia. Rafael Nadal é excelente tenista, mas duvido que teria ido tão longe se não fosse sua força mental. Faço a introdução para falar do clássico de domingo entre Corinthians e São Paulo, no Pacaembu. Alguém acha que os corintianos se tornaram tão melhores que os são-paulinos da metade de 2007 para cá? Os últimos 14 confrontos registram oito vitórias alvinegras e apenas uma tricolor.Olhando time por time, escalação por escalação, a goleada dos atuais campeões brasileiros não tem nenhuma lógica. A única explicação que vejo para o fenômeno é o fator psicológico. Conversando com especialistas da área e até mesmo dirigentes, vejo que mais gente pensa como eu.O São Paulo dos últimos anos tem enxergado o Corinthians como uma enorme barreira. Entra em campo considerando-se zebra, intimidado, com medo de arriscar. Provavelmente por causa da pressão de sua própria torcida e pela sequência de resultados negativos, que só foi amenizada com a vitória por 2 a 1 no Paulistão de 2011, em jogo marcado pelo centésimo gol de Rogério Ceni. Claro, em uma cobrança de falta que não deu chance ao goleiro Julio Cesar.A impressão, depois daquela partida, era de que a confiança retornaria. Não passou de impressão. No início do Brasileirão, a equipe então dirigida por Paulo César Carpegiani sofreu recaída ao levar uma surra de 5 a 0. O confronto que mais simbolizou o complexo de inferioridade, no entanto, foi o último, em setembro, também pela competição nacional. O Corinthians vivia momento turbulento, Tite tentava driblar a ameaça de demissão e o São Paulo arrancava para a liderança. O Morumbi estava lotado de tricolores. O time da casa, já sob o comando de Adilson Batista, dominou a partida, mas não teve coragem suficiente para vencer. Parecia sentir-se mais pressionado que o adversário. No fim, quando acreditava que o gol não sairia mais, resolveu conformar-se com o empate por 0 a 0.Aquele clássico resultou no renascimento corintiano e representou o início da queda do São Paulo. É difícil para o torcedor admitir, mas o fato é que os são-paulinos acabaram sendo decisivos para o título alvinegro.Como todos da primeira fase, o jogo deste fim de semana não tem nenhuma importância para as duas equipes no Paulistão - ambas vão se classificar sem suar a camisa. Para o são-paulino, contudo, vale muito. Já passou da hora de o time voltar a mostrar um futebol mais corajoso contra seu maior adversário.

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