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''O jogador novo tem de mostrar logo o que sabe''

Neymar: atacante do Santos; atacante fala sobre a difícil transição para o futebol profissional e sabe que é preciso ter coragem para conquistar espaço

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Por Valeria Zukeran
Atualização:

Sempre que o Brasil parece perto de cair em um futebol sem qualidade, criatividade e alegria, surge uma esperança. No clássico de hoje, entre Corinthians e Santos, seu nome é Neymar. O futebol dele vem chamando a atenção de clubes do exterior desde que tinha 13 anos de idade. Hoje, aos 17, atacante já é uma das referências no time do técnico Vágner Mancini e incendeia a torcida santista toda vez que sai do banco para entrar em campo. A responsabilidade do adolescente é enorme: ele vem sendo saudado como substituto de Robinho na condição de astro da Vila Belmiro e, claro, como o mais novo herdeiro de Pelé. Dois jogadores que, a exemplo dele, também estrearam como profissionais pelo Santos antes de atingir a maioridade. Nos primeiros jogos, Neymar não foi genial, mas mostrou personalidade e fez gols - o suficiente para entusiasmar torcida e especialistas. O atacante fará seu primeiro clássico contra nada menos do que o grande rival de seu time, o Corinthians, que terá na linha de frente o maior artilheiro da história das Copas do Mundo, Ronaldo. Neymar, a revelação, não sabe se será titular, mas uma coisa é certa: em algum momento estará em campo e a torcida santista espera que ele seja capaz de mostrar seu talento e ofuscar, ao menos um pouco, o brilho do badalado astro adversário. Isso, porém, não atormenta Neymar, que não é de muitas palavras, mas tem objetividade no discurso. Ele sonha em superar os desafios da promoção precoce para os profissionais de um grande clube, fazer o sucesso que todos esperam desde que era menino e ajudar o Santos a trilhar um caminho de títulos. A seguir, ele fala sobre seu momento. Quais são as principais diferenças entre a base e o profissional? O profissional é bem mais difícil do que a base. O principal é que você tem de jogar com muito mais inteligência, mas não é só isso. Também é preciso ter mais velocidade e muita força. Você acha difícil um jogador se impor quando sobe para o profissional muito jovem? Ah, não é muito fácil não. A gente não pode ser muito acanhado. E também precisa mostrar o que sabe. Apesar de ter subido há pouco tempo, você tem sido muito badalado. Já chegou a enfrentar rejeição ou ciúme de atletas mais velhos por causa disso? Até agora não teve isso, não. Está sendo tudo muito tranquilo para mim. Muitas vezes um jogador que é formado por um grande clube acaba absorvendo características típicas do time, como a garra, ou a tendência de jogar de um jeito mais técnico. Você acha que alguma coisa no seu estilo de jogar é resultado do que aprendeu no Santos? Acho que sim. Meu jogo de toque de bola rápido e de muita personalidade tem muito a ver com o jeito do Santos. Há uma pressão muito grande sobre você, que é o fato de a torcida santista esperar que você substitua o Robinho. Como é que encara essa situação? Eu encaro com naturalidade. Procuro não pensar muito no assunto porque pode me atrapalhar em campo. O que você faz para diminuir a tensão com as cobranças? É preciso ter coragem. Não ter medo de errar quando se está em campo. Mas e o técnico? Ele te estimula a ser mais ousado? O Mancini me incentiva muito. Diz que não é para ter medo de tentar. É para eu ir para cima. Como é a sua família? Qual a influência que ela tem na sua vida? Minha família é humilde. Mas todo mundo me ajuda. Como? Dá para citar um exemplo? Ah, o pessoal me protege. E sempre me apoia e ajuda quando preciso de alguma coisa. Qual é o seu sonho no futebol? Meu sonho é levar o Santos a conquistar muitos títulos. Como é ter de carregar o rótulo de ser um jogador de R$ 90 milhões aos 17 anos? É normal. Como já falei algumas vezes, não acho difícil. Não penso em dinheiro - deixo isso para meus pais e o Wágner (Ribeiro, empresário). O que quero é jogar com alegria e, se conseguir fazer isso, sei que vai dar tudo certo.

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