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O melão volta a rolar

Boleiros

Por Antero Greco e antero.greco@grupoestado.com.br
Atualização:

A Olimpíada foi extraordinária, assistimos a muitos momentos únicos e históricos, nos emocionamos, torcemos e nos decepcionamos - reações que convêm para quem gosta de esporte. Nas últimas semanas, discutimos os motivos pelos quais os atletas brasileiros ficam no "quase", na maioria das provas de que participam, e sobraram críticas à falta de política séria para criarmos grandes campeões. Quer dizer, a conversa que volta à tona a cada quatro anos e logo cai no vazio. Infelizmente é a realidade. Mas, como se dizia no Bom Retiro velho de guerra - e que agora será tombado pelo patrimônio histórico -, retornemos ao futebol, porque o melão voltou a rolar. Na prática, continuou a rolar pelos campos do País, neste mês de agosto, embora ofuscado por saltos, saques, sets, pódios. Várias rodadas ficaram quase anônimas, pois as atenções se concentravam na China. Só não passaram em branco porque pelo menos o Nilsão Pasquinelli, diagramador verde do Estadão, ficou o tempo todo ligado nas alegrias e nas agruras do seu Palestra. "Que Olimpíada, que nada! Não tô nem aí pro festival de educação física... Quero saber do Verdão." O Nilsão ficou indignado, por exemplo, com a saída do Valdivia. Ele não perdoa os cartolas por terem cedido o mago para o obscuro futebol do Oriente Médio. Acha que o time perderá criatividade sem o chileno. Tem razão, porque nos últimos tempos o camisa 10 havia se transformado no ponto de referência no Palmeiras. Também acho estranho um jogador da qualidade do Valdivia, e jovem, jogar num centro sem projeção. Apesar disso, e dos problemas de defesa que persistem, a equipe do Nilsão avança na Série A e é vice-líder, cinco pontos atrás do Grêmio (40 a 45). O time não é a maravilha que tentaram vender, no início da temporada, tem retrospecto risível como visitante e ainda assim é candidato ao título. Contradição? Nem tanto, como o campeonato carece de esquadrões, agora mais do que nunca, até com oscilações o Palmeiras pode continuar de olho no título. Por isso, também o São Paulo não precisa abandonar o sonho do inédito tricampeonato. Ao contrário das campanhas de 2006 e 2007, a moçada comandada por Muricy Ramalho não mantém a regularidade - ora desembesta a jogar bem, para em seguida cair no marasmo. O risco do Tricolor é distanciar-se da ponta - tem 37 pontos. Hugo (9 gols) e Borges (7) são os artilheiros, mas nenhum dos dois faz a diferença no ataque. O São Paulo é um time mediano, e aí não vai análise depreciativa, porque significa que está dentro dos padrões. De qualquer forma, estou cético quanto à possibilidade de levantar a taça pelo terceiro ano consecutivo. A luta promete ser ainda bem equilibrada. O Grêmio já deu inúmeros sinais de que é vulnerável - tanto que não dá pra cravar que é o favorito à volta olímpica em dezembro (sem trocadilho com os Jogos nem com seu estádio). O Cruzeiro peca em momentos cruciais e o Botafogo corre por fora - e, se vacilarem, pode ser a surpresa. Sinal vermelho aceso para Lusa e Santos, ambos com 22 pontos e na banguela, ladeira abaixo. Não estão na zona de rebaixamento por azar ou explicações mais abstratas. É conseqüência de política de investimentos pobre. A Lusa, por limitação financeira que a abate há tempos; o Santos por abdicar da postura vencedora dos últimos anos. Um dos dois, se não ambos, estará na Série B em 2009. Infelizmente é a realidade.

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