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O perigo de criar novos ''elefantes brancos'' após 2014

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Por Anelso Paixão
Atualização:

O Brasil deve ganhar uma série de belos estádios, verdadeiras arenas multiuso a partir de 2014. Mas, como garantir que, em dez anos, não se transformarão em novos "elefantes brancos", como os gigantes palcos construídos na década de 1970? Eram bonitos, grandes, mas sem nenhuma utilidade num país em que os clubes médios e pequenos caminham a passos largos para o fim. "É por isso que deveriam ser sedes da Copa apenas Estados com clubes fortes", dispara Amir Somoggi, especialista em marketing e gestão de clubes. "Essa história de rentabilizar o estádio como um amplo conceito de negócio é importante, mas é preciso entender que a grande atração vai ser sempre o futebol. Não adianta ter restaurante, loja, se não tiver jogo lá." Segundo o especialista, mesmo um estádio hoje superavitário, como o Morumbi, tem 46% de sua arrecadação - descontando-se a bilheteria - da venda de camarotes. Somoggi explica que o Arsenal, da Inglaterra, jogava para 40 mil pessoas e, com a reforma do estádio, passou a jogar para 60 mil. "O aumento foi de 50% da capacidade, mas o retorno foi de 110%. Isso porque o clube aprendeu a valorizar a arrecadação", diz. Hoje, o estádio do Arsenal, o Emirates Stadium, arrecada 130 milhões (R$ 361 milhões) por temporada. Somoggi explica ainda que os projetos de estádios para a Copa de 2014 estão na casa de R$ 300 milhões e que, num cálculo simples, serão necessários de oito a dez anos para conseguirem se pagar. "Se a receita for de R$ 40 a R$ 45 milhões ao ano, o custo será zerado entre oito e dez anos." Situação difícil para estados como Amazonas e Mato Grosso, sem clubes de expressão. Da Alemanha, vem um exemplo positivo. "Os clubes, incluindo os da 2.ª Divisão, cresceram muito após a Copa. Hoje, a liga do país é a 2.ª maior da Europa, atrás apenas da Inglaterra. Valeu a pena construir belos estádios."

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