PUBLICIDADE

Publicidade

O que há de lógica sob a confusão

Boleiros

Por Daniel Piza e daniel.piza@grupoestado.com.br
Atualização:

O domingo foi de clássicos regionais disputados, de dérbis interessantes, mas a verdade é que a qualidade deste Brasileirão depois das dez rodadas iniciais é sofrível. A média de finalizações (13) e gols (2,5) é muito baixa; há excesso de erros de passes; os dribles escasseiam. Em outros termos, aquilo que se entende como futebol - passes precisos, dribles desconcertantes e chutes a gol - e especialmente como futebol brasileiro, de criatividade e objetividade, anda sumido. Em compensação, é difícil jogo com menos de 40 faltas e, mais uma vez, a confusão da tabela se dá pela carência de talentos. Isso não significa que não tenha sua lógica. O Flamengo é líder com cinco pontos de vantagem porque joga com um padrão definido. O técnico Caio Jr., que sofreu preconceito por seus modos educados, já mostrou que não tem nenhuma incompatibilidade de estilo com o clube; pegou a equipe de Joel Santana e lhe deu mais consistência. Com dois laterais que apóiam muito bem, Juan e Leonardo Moura, um bom zagueiro, Fábio Luciano, dois atacantes com faro de gol, Marcinho e Souza, e mais um meio-campo hoje raro no futebol brasileiro, com Íbson, Kléberson e Toró, capazes de desarmar e armar com rapidez, o time dá muito trabalho para a marcação. É verdade que se expõe demais, mas a grande maioria dos adversários não tem qualidade para explorar esses espaços. O Cruzeiro também tem um futebol leve e ofensivo e um meio-campo versátil, com Ramires e Charles, mas seus jogadores são mais irregulares e inexperientes. Num campeonato de pontos corridos, pode sofrer o que o Botafogo sofreu no ano passado: basta algum problema com um ou dois jogadores importantes e o entrosamento começa a se desfazer. O Flamengo, por sinal, não vendeu Íbson e também deveria tentar manter outro de seus atributos, o banco de reservas, que conta com Obina, Maxi e outros. São Paulo e Palmeiras, que têm elenco para estar entre os quatro primeiros - sem desmerecer o trabalho de Vitória e Grêmio -, continuam apresentando problemas. A defesa reserva do Palmeiras, que vendeu Henrique e trouxe Gladstone, deixa a desejar; sem a proteção de Pierre, pois Léo Lima e Martinez não desarmam tanto, o time ficou vulnerável. Além disso, Valdívia passa por fase inferior, como ele mesmo reconhece. O São Paulo ganhou o clássico porque tem uma defesa mais sólida e dois jogadores que correm muito e apóiam com qualidade, Hernanes e Jorge Wagner, autores da jogada do primeiro gol. Mas o time precisa de outro meia, e a contusão de Borges - como a suspensão de Alex Mineiro no Palmeiras - será mais um problema. Há ainda o Inter, que tem um dos melhores jogadores do campeonato, Alex, e o Fluminense, que menosprezou demais o torneio. De todos esses candidatos ao tal G4, nenhum realmente enche os olhos ou dá segurança de que terá regularidade até dezembro, até porque as exportações de jogadores começaram. Daqui a pouco também os dérbis serão dominados pelos pangarés? DEPOIS DA RESSACA Ronaldinho finalmente tem um clube, o Milan. Depois de tanto tempo atuando mal e depois de tantos meses sem atuar, tem uma grande chance para voltar a ser um dos melhores do mundo, saindo definitivamente da ressaca pós-Copa de 2006, quando foi o maior dos fiascos brasileiros. Resta ver se o Milan vai liberá-lo para a Olimpíada, já que não liberou Kaká.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.